Ex-comissionista da EDP e da Galp escondeu 21 milhões em esquema igual ao de Mexia

José Sena Goulão / Lusa

O empresário António Moura Santos, que foi um dos principais responsáveis pela ascensão de António Mexia a CEO da EDP, tem 21 milhões de dólares guardados numa conta offshore nas Ilhas Virgens Britânicas.

António Moura Santos, um empresário português de 78 anos residente na Suíça, foi identificado como beneficiário de uma offshore com 21 milhões de dólares, segundo uma investigação do Expresso em colaboração com o Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação (ICIJ).

A offshore, Breckon Assets Limited, está registada nas Ilhas Virgens Britânicas e os fundos eram geridos pela corretora EFG Capital, em Miami, até pelo menos 2019. A mesma corretora e gestor financeiro estiveram associados a António Mexia, ex-CEO da EDP.

Moura Santos, um antigo intermediário da Galp e EDP, conhecido pelas suas ligações a António Mexia, não respondeu às questões do Expresso sobre a origem do dinheiro. O empresário foi também destacado como uma figura influente na ascensão de Mexia a CEO da EDP e da Galp, segundo um artigo do Público de 2017.

Recorde-se que foi recentemente revelado que António Mexia tinha seis milhões de dólares guardados na offshore Miamex Ventures, também com sede nas Ilhas Virgens Britânicas. Esta conta está agora a ser investigada por suspeitas de estar relacionada  com a construtora Odebrecht, envolvida no processo Lava-Jato no Brasil e responsável pela construção da barragem de Baixo Sabor.

Moura Santos já teve problemas com a justiça em Portugal. Em 1996, foi condenado por burla e falsificação de documentos num caso relacionado com a cobrança de dívidas a uma importadora russa. A pena incluiu três anos de prisão e uma indemnização de 2,5 milhões de euros.

Além da Breckon Assets Limited, Moura Santos foi mencionado nos Pandora Papers como beneficiário de outra offshore, a Howed Finance Corp., ligada às atividades de consultoria da sua empresa, HFC Portugal.

A HFC, fundada em 1982, desempenhou um papel importante em grandes projetos de infraestruturas em Portugal e teve presença na Colômbia, Brasil e Israel, antes de encerrar operações nesses países. Atualmente, a HFC opera apenas em Portugal, focando-se nos assuntos familiares de Moura Santos.

A investigação levanta questões sobre a gestão dos fundos de Moura Santos, a sua relação com António Mexia e o papel das suas offshores. A apresentação de 2019 de Bernardo d’Orey, vice-presidente da EFG Capital, destaca que Moura Santos detém uma fortuna de 82,5 milhões de dólares, dos quais 21 milhões estavam na Breckon Assets Limited.

ZAP //

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