Orlando Alves é suspeito de favorecer as empresas de amigos e familiares na realização de contratos públicos. Foi esta investigação que depois se desdobrou na Operação Influencer.
O Ministério Público (MP) acusa Orlando Alves, ex-autarca de Montalegre, de cometer 395 crimes, envolvendo um vasto esquema de corrupção que terá lesado o erário público em mais de 10 milhões de euros. O ex-presidente da Câmara é apontado como o mentor do plano concebido em 2013, logo após assumir o cargo.
Alves, junto com o ex-vice-presidente da autarquia, David Teixeira, e José Pereira, chefe de gabinete da Divisão de Obras Municipais, são os principais arguidos neste processo. Os crimes imputados incluem associação criminosa, corrupção, prevaricação, participação económica em negócio, branqueamento e falsificação de documento, explica o Correio da Manhã.
Segundo a acusação, o grupo liderado por Alves beneficiava empresas de amigos e familiares com contratos públicos, muitos dos quais adjudicados por ajuste direto. David Teixeira teria lucrado mais de 3 milhões de euros, enquanto José Pereira teria recebido mais de 9 milhões de euros.
Orlando Alves é ainda suspeito de atestar falsamente o destino de algumas quantias, ou seja, com algumas obras das contratadas e pagas a serem realizadas como estipulava o plano.
Este esquema, conhecido como “Operação Alquimia“, teve repercussões mais amplas, levando ao desdobramento do processo “Influencer”, que investiga negócios relacionados ao lítio em Trás-os-Montes e levou à demissão de João Galamba e à queda do Governo.
Ao todo, o processo envolve 60 arguidos, incluindo 19 empresas. Orlando Alves, de 71 anos, inicialmente detido preventivamente, agora está em prisão domiciliária com vigilância eletrónica. Alves declarou-se “de consciência absolutamente tranquila”, dizendo-se orgulhoso das suas ações. Paralelamente, o advogado de David Teixeira, Ricardo Sá Fernandes, afirmou que provará a inocência do seu cliente.
Estavam todos convencidos de serem intocáveis…. de facto, com uma maioria absoluta e o controlo total, eram-no.
Agora, vão-se abrir algumas “caixas” – as que não estavam bem fechadas – mas a grande podridão não se descobrirà nunca, ou, pelo menos, nunca totalmente.