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Evo Morales reconhece primeira derrota nas urnas em 10 anos

Alain Bachellier / Flickr

Evo Morales, Presidente da Bolívia

Evo Morales, Presidente da Bolívia

O presidente da Bolívia, Evo Morales, reconheceu esta quarta-feira a primeira derrota nas urnas em dez anos de governo e prometeu respeitar os resultados do referendo realizado há três dias.

No domingo, os eleitores bolivianos foram às urnas para votar a reforma constitucional proposta pelo governo, que permitiria ao presidente Evo Morales disputar um quarto mandato consecutivo em 2019. A maioria dos bolivianos votou contra.

A votação foi apertada, e o Tribunal Supremo Eleitoral demorou três dias a concluir a contagem.

Com 99,8% dos votos apurados, a vitória da oposição foi confirmada por uma estreita margem: 51,3% dos eleitores votaram “Não”, contra os 48,7% que optaram pelo “Sim”.

Esta quarta-feira, Evo Morales criticou o que chamou de campanha suja da oposição, mas não questionou os resultados.

O presidente lembrou que, mesmo derrotado, tem um índice de popularidade alto (50%) e quatro anos de governo para continuar a implementar as suas politicas.

Perdemos a batalha, mas não a guerra”, disse o presidente, prometendo continuar com o seu programa de governo até 2020, ano em que o seu terceiro e último mandato termina.

Primeiro presidente indígena da Bolívia, Evo chegou ao poder em 2006, com a promessa de uma revolução socialista, para acabar com a pobreza e a discriminação.

Mal assumiu a presidência, o ex-líder sindical dos cultivadores de coca nacionalizou os recursos naturais e investiu em infra-estrutura e educação.

Em uma década, Morales eliminou o analfabetismo e viu a economia crescer em média 5% ao ano – um desempenho elogiado pelo Fundo Monetário Internacional, que tanto critica.

Com o argumento de que seria preciso mais tempo para consolidar o processo revolucionário, o governo propôs a reforma da Constituição.

Mas a oposição reagiu, argumentando que a falta de alternância política é sinónimo de autoritarismo.

Contribuíram para a derrota de Evo Morales, a morte de seis pessoas num protesto e o aparecimento de denúncias, nas redes sociais, de que teria favorecido uma ex-namorada com a concessão de contratos governamentais.

Evo – que tem 56 anos e é solteiro – reconheceu ter tido um filho da empresária Gabriela Zapata em 2007, e que a criança morreu.

Mas o presidente nega as acusações de que teria outorgado contratos governamentais à empresa chinesa para a qual Zapata trabalha.

Segundo Evo Morales, as denúncias não comprovadas são apenas parte de uma campanha suja da direita para destruir a sua imagem.

ZAP / ABr

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