A bíblia faz referência a um reino de Edom, do século X antes de Cristo. Novas evidências sugerem que este reino poderá ter estado assente no deserto de Arava, no Israel.
A análise de arqueólogos a espécimes encontrados em locais de produção de cobre, no deserto do Arava, pode desvendar uma sociedade rica e próspera. O estudo foi publicado este mês na revista científica PLOS One.
O cobre era usado para produzir ferramentas e armas, razão pela qual era um dos recursos mais valiosos na altura. A equipa de cientistas analisou centenas de evidências de minas de cobre ancestrais na Jordânia e em Israel, reconstruindo, assim, a evolução da produção de cobre ao longo de 500 anos — entre 1300 e 800 a.C.
“Usando a evolução tecnológica conseguimos identificar e caracterizar o surgimento do reino bíblico de Edom. Os nossos resultados provam que aconteceu antes do que se pensava anteriormente e de acordo com a descrição bíblica“, explicou Ben-Yosef, o autor principal do artigo, citado pela EurekAlert.
Ao analisar a escória das minas de cobre, os cientistas notaram que, com o passar do tempo, o desperdício deste mineral ia diminuindo. Isto prova que os métodos de produção foram melhorando, tornando-se mais eficientes.
“Demonstramos uma repentina padronização da escória na segunda metade do século X a.C., numa extensa área de cerca de 2 mil quilómetros quadrados, que ocorreu exatamente quando os egípcios entraram na região“, notou o arqueólogo. Os investigadores acreditam que a melhoria seja justificada pela invasão dos egípcios à Terra Santa.
“A eficiência da indústria do cobre na região estava a aumentar. Os edomitas desenvolveram protocolos de trabalho precisos que lhes permitiram produzir uma quantidade muito grande de cobre com o mínimo de esforço”, acrescentou.
Como eram consumidores de cobre importado, o Egito tinha o interesse em simplificar a indústria. Aliás, o camelo até apareceu pela primeira vez na região após a chegada do Faraó Sisaque I. Os egípcios terão sido, portanto, um catalisador de inovação na região.
“As nossas novas descobertas contradizem a visão de muitos arqueólogos de que o deserto de Arava foi povoado por uma aliança de tribos, e são consistentes com a história bíblica de que havia um reino edomita aqui”, disse Ben-Yosef. “Uma indústria de cobre a florescer no Arava só pode ser atribuída a uma política centralizada e hierárquica, e isso pode encaixar-se na descrição bíblica do reino edomita”.