EUA não vão divulgar pornografia encontrada no computador de Bin Laden

tsevis / Flickr

Osama Bin Laden por Charis Tsevis para a revista Shortlist

A Administração norte-americana desclassificou esta quarta-feira documentos encontrados na residência de Osama bin Laden em de Abbottabad, no Paquistão, onde bin Laden esteve escondido até ao assalto das forças especiais norte-americanas que conduziu à sua morte, em maio de 2011.

Os documentos disponibilizados pela administração norte-americana revelam o estado de espírito do chefe histórico da Al-Qaeda, as suas reflexões táticas, a sua ansiedade face aos serviços de informações ocidentais ou a sua grande atenção para a imagem pública da rede terrorista.

No entanto, a quantidade “bastante extensa” de material pornográfico encontrada nos computadores apreendidos “não vai ser divulgada”, afrimou Brian Hale, porta-voz do gabinete do Diretor Nacional de Informações norte-americano, ODNI, citado pelo Telegraph.

“Os conteúdos pornográficos vão continuar a ser considerados classificados“, acrescentou Hale. “Tendo em conta a natureza do conteúdo, tomámos a decisão de não o divulgar”

Por trás da decisão poderá estar o facto de não ser certo se o mesmo pertenceria efectivamente ao líder da organização terrorista ou a algum dos seus subordinados.

Documentos desclassificados mostram um Bin Laden focado nos EUA

Osama Bin Laden pediu sempre aos seus apoiantes, incluindo no seu refúgio de Abbottabad, para permanecerem focados em ataques contra os Estados Unidos, referem documentos desclassificados esta quarta-feira e que revelam novos dados sobre a personalidade do chefe da Al-Qaeda.

A prioridade deve ser matar e combater os americanos e os seus representantes“, escreve Bin Laden num dos documentos encontrados na residência de Abbottabad, no Paquistão, onde permanecia escondido até ao assalto das forças especiais norte-americanas a 2 de maio de 2011, que então reivindicaram a sua morte.

No total, foram desclassificados cerca de 100 documentos pelos serviços de informações dos EUA e com acesso e conhecimento exclusivo garantido inicialmente pela agência noticiosa AFP.

O Presidente Barack Obama apelou a “uma maior transparência” em torno dos documentos confiscados no Paquistão e o Congresso votou uma lei que obriga os serviços de informações a examinar quais os documentos que podem ser divulgados, recordou Jeff Anchukaitis, porta-voz da Direção Nacional de Informações (DNI).

No entanto, não foi possível verificar de forma independente a origem dos documentos nem a qualidade da tradução.

A desclassificação dos documentos ocorreu pouco após a publicação de um artigo do jornalista de investigação Seymour Hersh, pondo em causa a versão oficial da morte de Bin Laden. No entanto, o porta-voz da CIA, Ryan Trapani, indicou que este processo tinha começado há alguns meses e não pode ser considerado uma resposta ao artigo.

Através de cartas, rascunhos, memorandos ou diretivas, os documentos analisados permitem entender diversas preocupações, da estratégia ao quotidiano.

Consciente dos riscos dos ataques de drones norte-americanos sobre os quadros da organização, Bin Laden pedia para não comunicarem por email, não se reunirem em grupos importantes, e inquietava-se pelo risco de serem colocados detetores eletrónicos nos vestidos da sua mulher.

Num plano mais estratégico, Bin Laden considerava que a Al-Qaeda devia promover ataques espetaculares contra os Estados Unidos, à semelhança dos atentados do 11 e setembro de 2001, e não contra os regimes do Médio Oriente.

“Devemos terminar as operações contra o exército e a polícia em todas as regiões, especialmente no Iémen”, escreveu numa carta.

A prioridade devia ser “atacar a América para forçá-la a abandonar” os regimes do Médio Oriente e “deixar os muçulmanos tranquilos”, acrescentou.

O chefe da Al-Qaeda manifestava ainda inquietação pela “desunião no movimento jihadista que poderia implicar a sua derrota”, segundo referiu um responsável norte-americano pelas informações ao comentar sob anonimato os documentos.

/Lusa

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