As forças norte-americanas e britânicas bombardearam, na noite desta quinta-feira, vários locais utilizados pelos rebeldes Huthis do Iémen, num ataque de retaliação às ofensivas dos insurgentes contra a navegação no mar Vermelho.
Desde 19 de novembro, os redeles Huthis do Iémen lançaram 27 ataques com drones e mísseis contra navios comerciais de elevada relevância para a economia mundial, em retaliação pela guerra de Israel contra o Hamas na Faixa de Gaza.
Em retaliação, os militares dos Estados Unidos da América (EUA) e do Reino Unido bombardearam – de acordo com a agência Lusa – mais de uma dúzia de locais usados pelos Huthis.
O comando da Força Aérea dos EUA no Médio Oriente disse ter atingido mais de 60 alvos em 16 locais no Iémen, incluindo “bases de comando e controlo, depósitos de munições, sistemas de lançamento, instalações de produção e sistemas de radar de defesa aérea”.
Os ataques aéreos atingiram a capital do Iémen, Saná, e outras cidades controladas pelos rebeldes apoiados pelo Irão, como Hodeida e Saada, disse esta sexta-feira o canal de televisão Huthi Al-Massirah.
De acordo com o Huthis, morreram cinco combatentes e seis ficaram feridos.
Estes bombardeamentos marcam a primeira resposta militar dos EUA ao que tem sido uma campanha persistente de ataques com drones e mísseis contra navios comerciais, desde o início da guerra entre Israel e o movimento islamita palestiniano Hamas na Faixa de Gaza.
Em resposta, os Huthis lançaram mísseis de cruzeiro e balísticos contra navios de guerra dos Estados Unidos e do Reino Unido no mar Vermelho.
“Pela liberdade de navegação”
Os Estados Unidos, o Reino Unido e oito outros países afirmaram que a ação militar contra alvos dos rebeldes Huthis em várias províncias iemenitas demonstra um compromisso conjunto com a liberdade de navegação.
Numa declaração conjunta, os 10 signatários – EUA, Reino Unido, Austrália, Barein, Canadá, Países Baixos, Dinamarca, Alemanha, Nova Zelândia e Coreia do Sul – afirmaram que o seu objetivo continua a ser “reduzir as tensões e restaurar a estabilidade no Mar Vermelho”.
Após o sucedido, os rebeldes Huthis do Iémen, apoiados pelo Irão, avisaram que vão continuar a atacar navios comerciais no Mar Vermelho e declararam “guerra aberta” contra os Estados Unidos e o Reino Unido, ao mesmo tempo que afirmam ter lançado um ataque contra os navios militares desses países no Mar Vermelho.
Os Huthis também convocaram manifestações em massa nas zonas sob o seu controlo, para protestar contra os bombardeamentos dos EUA e do Reino Unido contra várias das suas posições militares no país árabe.
Estas manifestações foram convocadas sob o lema “Batalha da Conquista Prometida e da Santa Jihad”, nome dado pelos Huthis às suas operações contra navios mercantes no Mar Vermelho, ações de apoio aos palestinianos na Faixa de Gaza.
Iémen continuam a atacar (Israel)
Um porta-voz dos rebeldes do Iémen garantiu hoje que os Huthis vão continuar a atacar navios ligados a Israel no mar Vermelho, acusando os EUA e Reino Unido de lançarem ataques injustificados.
“Não há justificação para esta agressão contra o Iémen, uma vez que não houve ameaça à navegação internacional no mar Vermelho”, considerou Mohamed Abdel Salam.
Numa mensagem publicada na rede social X, o dirigente garantiu que “os alvos foram e continuarão a ser navios israelitas ou aqueles que se dirijam para os portos da Palestina ocupada”.
Rússia desconfia das intenções da ONU
A Rússia convocou para esta sexta-feira uma reunião urgente do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU), após os ataques.
O Conselho de Segurança aprovou na quarta-feira uma resolução que exigia que os Houthis cessassem imediatamente os ataques e que condenou implicitamente o principal fornecedor de armas aos rebeldes, o Irão.
A resolução, apresentada pelos EUA e Japão, foi aprovada por 11 votos a favor, sem qualquer voto contra, e com quatro abstenções, da Rússia, China, Argélia e Moçambique.
Imediatamente antes da votação, o Conselho rejeitou por esmagadora maioria três propostas de alterações russas, uma das quais teria acrescentado linguagem para sublinhar que “a escalada em Gaza é a principal causa da atual situação no Mar Vermelho”.
O embaixador russo junto da ONU, Vassily Nebenzia, disse acreditar que o verdadeiro objetivo da resolução era obter luz verde do Conselho de Segurança para legitimar as ações futuras da coligação criada pelos EUA e aliados.
Petróleo sobe 2,3%
De acordo com o Jornal de Notícias, o preço do barril de petróleo Brent para entrega em março subiu 2,3%, com o escalar do conflito no Médio Oriente.
Os preços do petróleo na Europa subiram acentuadamente na manhã desta sexta-feira, após os bombardeamentos dos EUA e Reino Unido contra os rebeldes Huthis.
Como nota o JN, o petróleo bruto do mar do Norte, de referência na Europa, começou o dia com um aumento de 1,79 dólares, no International Exchange Futures, face a quinta-feira, quando fechou a 77,41 dólares.
ZAP // Lusa
Guerra no Médio Oriente
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