Estados Unidos aproximam-se da Venezuela e de Cuba e levantam parte das sanções

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O presidente dos EUA, Joe Biden

O presidente dos EUA, Joe Biden

Os EUA vão deixar que a Chevron volte a negociar a produção de petróleo conjunta com o Governo venezuelano. Já em Cuba, a aquisição de vistos será agilizada e serão retirados os limites ao envio de remessas.

A crise energética despoletada pela guerra na Ucrânia teve um efeito inesperado no plano político internacional. Os Estados Unidos estão agora novamente a estreitar as relações diplomáticas com a Venezuela e Cuba depois da administração Trump ter retomado uma postura mais hostil contra os dois países.

A administração Biden começou a levantar algumas restrições na maior empresa de petróleo norte-americana com bens na Venezuela. Na terça-feira, o Departamento de Tesouro emitiu uma licença que permite à Chevron iniciar negociações com a petrolífera estatal PDVSA sobre uma possível retoma da produção que foi cortada devido às sanções impostas por Washington.

Esta é apenas uma das medidas de um pacote de levantamento das sanções sobre o petróleo venezuelano que está nos planos de Biden e que a Casa Branca diz que depende da cooperação de Nicolás Maduro, revela o The Washington Post. Caso as negociações tenham sucesso, a Chevron poderá começar a enviar equipamentos para a Venezuela e iniciar a extração e venda de petróleo.

A oposição venezuelana apoiada pelos Estados Unidos avança que as conversas com Maduro já foram retomadas. Enquanto o país com as maiores reservas de petróleo do mundo, a Venezuela é um país-chave na resposta à inflação que resultou do corte de relações comerciais entre a Rússia e o Ocidente devido à guerra.

A aproximação iniciada pelos EUA é também uma tentativa de afastar Caracas de Moscovo e surge na sequência de uma viagem em Março de responsáveis governamentais de Washington até ao palácio presidencial de Maduro para as negociações das sanções energéticas e para a libertação de dois americanos detidos.

A Chevron, com sede na Califórnia, é a última grande petrolífera norte-americana a fazer negócio na Venezuela, onde investiu pela primeira vez na década de 1920. Em 2019, juntamente com a PDVSA, produziu em média 200 mil barris por dia, mas em 2020, o Departamento do Tesouro ordenou que a produção fosse reduzida.

Desde então, a empresa tem apenas preservado os seus activos na Venezuela e levado a cabo apenas os trabalhos essenciais para manter os postos de trabalho, estando proibida de fazer operações conjuntas com a PDVSA.

O vice-presidente venezuelano, Delcy Rodríguez, confirmou na terça-feira que os EUA autorizaram algumas empresas petrolíferas ocidentais a retomarem as negociações com o Governo.

“A Venezuela aspira a que estas decisões dos Estados Unidos da América sejam o primeiro passo para o levantamento absoluto das sanções ilegais que afectam as nossas pessoas”, escreveu no Twitter.

Apesar deste sinal de aproximação, muitas das sanções mantém-se, com dezenas de altos cargos no país e mais de 140 entidades a continuarem a ser sancionadas pelos EUA. As transações com Caracas e com a PDVSA nos mercados financeiros americanos também continuam, por enquanto, banidas.

Biden levanta restrições às viagens a Cuba

Outros dos países da América Latina com um longo historial de tensão com os Estados Unidos é Cuba, mas Biden também decidiu reverter algumas das restrições impostas por Donald Trump ao país.

Na segunda-feira, a Casa Branca anunciou que vai deixar de limitar as viagens e o envio de remessas para Cuba e que vai agilizar o processo para a aquisição de vistos para os EUA em Havana, revela a NBC.

Durante o mandato de Trump, os voos para Cuba foram limitados apenas para o aeroporto de Havana, mas Washington vai agora permitir as viagens para outros aeroportos no país. Washington vai também repor as viagens educativas para grupos sob uma licença geral.

Os limites de 1000 dólares por trimestre no envio de remessas para as famílias também vão terminar. Os processos para a obtenção de vistos na embaixada americana em Havana também vão ser agilizados e o programa de reunificação de famílias vai regressar.

O Ministro dos Negócios Estrangeiros cubano, Bruno Rodríguez, escreveu no Twitter que o anúncio dos Governo norte-americano era um “passo limitado na direcção certa”, mas criticou Washington por não fazer mexidas no embargo e por não remover Cuba da sua lista de estados que patrocinam o terrorismo.

Esta aproximação dos Estados Unidos aos países com Governos socialistas da América Latina pode também ser a última oportunidade para Biden fazer alterações na política externa com estes estados antes das eleições intercalares de Novembro, cujas sondagens não estão famosas para o lado dos Democratas e mostram que os Republicanos podem ganhar poder no Congresso.

A recente onda de vitórias para a esquerda no continente, como na Bolívia, nas Honduras, no Peru ou no Chile, são também um sinal de que os Estados Unidos estão a perder aliados e influência nesta região. As eleições que ainda terão lugar este ano no Brasil e na Colômbia podem ainda acrescentar estes dois países à lista e ditar o regresso da esquerda ao poder.

Adriana Peixoto, ZAP //

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