Estados Unidos assinam acordo de paz com os talibãs no Afeganistão

Michael Reynolds / EPA

O Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump

O presidente norte-americano, Donald Trump, pediu esta sexta-feira aos afegãos para “aproveitar a oportunidade de paz”, ao abrigo do acordo de paz que os Estados Unidos vão assinar no sábado com os rebeldes talibãs.

A Casa Branca anunciou que o acordo vai ser assinado este sábado, em Doha, no Qatar, com a presença do secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, numa cerimónia que marcará o início da retirada de mais de quatro mil soldados norte-americanos da região, reduzindo o contingente de 13 mil para 8.600.

“Se os talibãs e o Governo afegão cumprirem os compromissos, teremos uma boa ocasião para terminar a guerra no Afeganistão e trazer as nossas tropas para casa”, disse o presidente norte-americano, num comunicado divulgado na sexta-feira. “Pedimos aos afegãos para aproveitar a oportunidade de paz”, afirmou Trump, referindo-se ao resultado de longas negociações com os rebeldes talibãs.

Para Trump, “estes compromissos representam um passo importante para a paz duradoura num Afeganistão livre da Al-Qaeda, do Estado Islâmico e de qualquer outro grupo terrorista” que “queira causar dano”.

A assinatura do acordo ocorre uma semana depois de a coligação internacional liderada pelos Estados Unidos e os talibãs se comprometerem a reduzir a violência na região.

Em 17 de fevereiro, os talibãs anunciaram que tinham chegado a um acordo com os Estados Unidos que permitiria a assinatura de um tratado para colocar fim a duas décadas de conflito no Afeganistão.

O acordo inclui a possibilidade de negociações diretas entre os rebeldes e o Governo afegão, que o movimento insurgente tinha até agora recusado, e conduzirá a um tratado permanente de paz, que termina uma guerra que remonta a 2001 e que se tornou o mais longo conflito militar em que os Estados Unidos estiveram envolvidos.

O acordo contempla ainda a retirada gradual das tropas norte-americanas e a libertação de cerca de metade dos talibãs que tinham sido feitos prisioneiros pelas forças fiéis ao regime afegão.

O primeiro passo desta nova fase passará pela libertação pelo Governo de Cabul de cinco mil dos cerca de 11 mil elementos do movimento que se encontram presos. Em troca, os talibãs comprometem-se a libertar cerca de mil prisioneiros das forças afegãs.

Para a assinatura do acordo, em Doha, serão convidados representantes dos países vizinhos do Afeganistão, membros da União Europeia, do Conselho de Segurança da ONU e da Organização de Cooperação Islâmica.

Os pormenores do acordo ainda não foram divulgados, mas informações preliminares sobre o projeto preparado pelos negociadores, e divulgado em setembro passado, indicavam que estava contemplada a retirada de cerca de cinco mil soldados norte-americanos, nos 135 dias seguintes à assinatura do documento.

“Este é, provavelmente, o mais importante acontecimento na história da Afeganistão, nos últimos 18 anos, em termos de procura da paz”, disse Sultan Barakat, diretor do Centro de Conflito e Estudos Humanitários, de Doha.

// Lusa

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