Grimaldo queria continuar a “Voar” com as “águias”, mas o Benfica não deixou.
O lateral-esquerdo ex-Benfica Alejandro Grimaldo confessou, numa entrevista ao jornal A Bola, que queria ficar no Benfica.
No entanto, o clube da Luz optou por não “apostar” nele e o internacional espanhol acabou por sair a custo 0 para o Bayer Leverkusen.
“A minha ideia foi sempre a de continuar. Houve mesmo um momento em que tinha tomado a decisão de ficar, era esse o meu desejo, mas quando se tratava de negociar sempre havia grandes distâncias entre mim e o clube, que tinha outras ideias. Por isso, não foi possível chegar a qualquer acordo”, lamentou o defesa de 28 anos.
“O clube realmente não apostou em mim e chegou um momento em que tive de olhar para outras alternativas. Apareceu o Leverkusen com uma proposta interessante e resolvi aceitá-la”, confessou.
Alex Grimaldo brilha agora ao serviço do líder da liga alemã, o Bayer Leverkusen, onde soma, até ao momento, 11 golos e 15 assistências – o melhor registo da carreira do jogador formado no Barcelona.
Vindo do Barcelona, chegou, com 20 anos, ao Benfica, de onde diz ter construído recordações que o fizeram acreditar que nunca mais sairia dali: “Guardo bonitas recordações de que tudo o que vivi. Conquistei títulos, disputei jogos incríveis, passei muitos grandes momentos com os adeptos. Tudo isso, tão difícil de esquecer, fez com que para mim se tivesse tornado bastante difícil pensar que algum dia deixaria esse grande clube que me tratou muito bem e no qual era muito feliz”.
“Demasiadas vezes” injustiçado
Na mesma entrevista, Grimaldo admitiu voltar ao Benfica: “Gosto muito do Benfica, é um clube que nunca esquecerei, fui-me embora, mas deixei as portas abertas. No futebol nunca se sabe o que pode acontecer”, apesar de ter referido que a relação com os adeptos encarnados nem sempre seja fácil.
“Fui demasiadas vezes criticado injustamente. Tinha de fazer de polícia mau, em defesa dos meus companheiros. Depois das derrotas dava sempre a cara, houve conflitos em que não tive culpa nenhuma, mas era a mim que me criticavam”, explicou.
Ainda assim, o lateral esquerdo expressou o grande carinho que continua a sentir pelos adeptos: “A realidade é que continuo a sentir um grande carinho pelos adeptos do Benfica. Acho que muitos ainda gostam de mim e sentem a minha falta, como eu sinto a falta deles“.
Semelhanças entre Lage e Xabi Alonso
Falando de treinadores, Grimaldo destacou o “especial” Roger Schmidt, que apostou no lateral mesmo sabendo que não iria ficar no clube.
“O Roger [Schmidt], apesar de só ter estado um ano com ele, é um treinador muito especial. Sabia que eu não iria continuar mas, mesmo assim, deu-me sempre a sua confiança. Apesar de ser contestado por alguns, acho que tem um grande futuro pela frente.”
O antigo número 3 do Benfica recordou ainda o “incrível” Bruno Lage, que é o que mais se assemelha, nas ideias, ao seu atual treinador: Xabi Alonso.
“Pela forma de ver o jogo, os passes curtos, a posse da bola, talvez seja Bruno Lage o que mais se parece com Xabi Alonso. Quando chegou à equipa, todos os jogadores gostaram muito das ideias que trouxe e das mudanças que fez. É um excelente treinador”, enalteceu o jogador, orientado por Bruno Lage entre 2019 e 2020.
“Procura-se lateral” (é Xabi que o tem)
Mas agora é “às mãos” de Xabi Alonso que Alex Grimaldo brilha. O Leverkusen é líder destacado da liga alemã, com mais dez pontos do que o Bayern de Munique e “só” precisa de vencer cinco dos oito jogos para ser campeão e retirar uma hegemonia com mais de dez anos ao “bávaros”.
Na Taça, o clube está nas meias-finais e, de entre as quatro equipas que ainda permanecem na competição, é a única que atua no primeiro escalão do futebol alemão.
Na Liga Europa, o Bayer Leverkusen está nos quartos-de-final, onde há possibilidade de defrontar o Benfica na final: “Oxalá isso aconteça, para mim seria um desafio muito especial e para as duas equipas muito bonito poderem disputar uma final europeia. Como gosto das duas, que ganhe a melhor”, diz Grimaldo.
Enquanto isso, o Benfica ainda não encontrou um sucessor à altura do defesa espanhol. Mas, seja quem for, “não vai ter vida fácil”.
“Só posso dizer que seja quem for não vai ter a vida fácil. O Benfica é um clube muito grande e, por isso, também bastante exigente, com muita pressão. Os jogadores têm de estar sempre, e desde o primeiro dia, a mostrar o seu valor, os adeptos não se conformam com qualquer coisa e é preciso estar continuamente a lutar pela conquista de títulos.”