O tecido adiposo abdominal está ligado à dor musculoesquelética crónica. Esta associação é mais forte em mulheres, o que sugere diferenças entre os géneros na distribuição de gordura.
A equipa internacional de investigação analisou dados do UK Biobank referentes a mais de 32 mil pessoas submetidas a ressonâncias magnéticas na região abdominal para avaliar os depósitos de gordura, tanto à volta dos órgãos (tecido adiposo visceral) quanto abaixo da pele (tecido adiposo subcutâneo).
No momento do exame, todos os pacientes foram questionados sobre o estado das suas dores de costas, pescoço, ombros, ancas, joelhos ou “em todo o corpo”, que persistiam há três meses ou mais.
Deste grupo, 638 pacientes repetiram as suas ressonâncias magnéticas dois anos depois, tendo sido novamente questionados acerca das dores que sentiam.
Após analisar e comparar os dados, os cientistas descobriram que havia uma associação entre os dois tipos de depósitos de gordura abdominal e a prevalência de dor crónica.
Segundo o New Atlas, as mulheres apresentaram um grau de dor crónica generalizada maior: o dobro de locais de dor quando o tecido adiposo visceral estava elevado e 60% mais dor quando o tecido adiposo subcutâneo estava alto.
Já nos homens, o aumento da dor crónica foi associado em maior proporção ao tecido adiposo visceral (34%), seguindo-se o tecido adiposo subcutâneo (39%) e, por último, a relação entre ambos (13%).
“O tecido adiposo abdominal foi associado à dor musculoesquelética crónica, o que sugere que deposições excessivas e ectópicas de gordura podem estar envolvidas na patogénese da dor musculoesquelética crónica generalizada e multilocal“, escrevem os cientistas, num artigo científico publicado na Regional Anesthesia & Pain Medicine.
“Os efeitos mais fortes foram identificados nas mulheres, o que pode refletir diferenças sexuais na distribuição de gordura e hormonas”. acrescentam.
A amostra do estudo, que é apenas observacional, é muito pequena. Por esse motivo, estes resultados requerem um estudo mais vasto e de longo prazo para estabelecer uma associação definitiva entre a gordura abdominal e a dor crónica generalizada.
Ainda assim, esta é a primeira vez que a condição é associada ao tamanho da cintura, em vez de ser associada ao peso ou à obesidade.
O excesso de depósitos de gordura abdominal já tinha sido associado a vários problemas de saúde, desde demência (maior em homens), diabetes e até morte prematura.
A boa notícia desta investigação é que os cientistas descobriram que reduzir a cintura pode ajudar a aliviar uma série de problemas de dor crónica, em vez de ser necessária medicação para atingir os locais da dor.