Estudo encontra contaminações químicas em rios de todos os continentes

Cros2519 / Wikimedia

Rio Bombuscaro, no Equador

Um vasto estudo sobre a poluição de produtos farmacêuticos de rios de todo o mundo descobriu que mais de um quarto dos rios analisados transportam níveis potencialmente tóxicos de drogas.

Um novo estudo sobre contaminações químicas por produtos farmacêuticos permitiu identificar lacunas consideráveis na informação acerca da ocorrência de fármacos nos sistemas fluviais de todo o mundo.

O estudo, conduzido por cientistas da Universidade de York, no Reino Unido, foi publicado na PNAS em dezembro do ano passado.

De acordo com a NewsAtlas, até agora, a investigação só estava disponível para 75 dos 196 países, na sua maioria centrada na América do norte e na Europa Ocidental, o que significa que a situação em grande parte do mundo continuava desconhecida.

John Wilkinson, coordenador do projeto de investigação, diz que “há mais de duas décadas que sabemos que os produtos farmacêuticos entram no ambiente aquático, onde podem afetar a biologia dos organismos vivos“.

“Mas um dos maiores problemas que enfrentámos ao abordar esta questão é que não temos sido muito abrangentes na monitorização destes contaminantes, e quase todos os dados estão centrados em algumas áreas na América do Norte, Europa ocidental e China.”

No contexto do reconhecimento global da poluição farmacêutica nos rios, os autores avaliaramagoa 1052 locais de amostragem ao longo de 258 rios em 104 países de todos os continentes da Terra, “representando a impressão digital farmacêutica de 471,4 milhões de pessoas”.

A avaliação mostrou que a contaminação química de produtos farmacêuticos nas águas à superfície existe em concentrações suficientemente elevadas para constituir uma ameaça para o ambiente e/ou a saúde humana em mais de um quarto dos locais estudados.

Wilkinson afirma que, através do projeto, “o nosso conhecimento da distribuição global de produtos farmacêuticos no ambiente aquático foi agora consideravelmente melhorado”.

“Este estudo, por si só, apresenta mais dados de países em todo o mundo do que toda a comunidade científica tinha anteriormente conhecimento: 36 novos países, para ser preciso, quando apenas 75 já tinham sido estudados“, explica.

Global Monitoring of Pharmaceuticals Project

A investigação mostra que os níveis mais elevados de poluição farmacêutica são consequência do despejo de resíduos ao longo das margens dos rios, da má infraestrutura de águas residuais, do fabrico de produtos farmacêuticos, e do despejo do conteúdo de fossas sépticas nos rios.

Os contaminantes mais frequentemente detetados foram o medicamento anti-epiléptico carbamazepina, cafeína, e o medicamento para diabetes metformina, juntamente com o antibiótico sulfametaxazol.

Os cientistas também encontraram fortes correlações entre elevados níveis de poluição e um estatuto socioeconómico mais baixo de um país, elevadas taxas de pobreza e elevado desemprego local. Os países mais poluídos foram os menos estudados até agora, na África Subsaariana, América do Sul e Ásia Meridional.

Apenas dois locais não revelaram qualquer contaminação, a Islândia e a Aldeia Yanomami, na Venezuela, onde os habitantes locais não usam medicina moderna.

O estudo fez parte do Global Monitoring of Pharmaceuticals Project, e os cientistas esperam continuar a alargar o conhecimento nesta área, expandindo a sua abordagem para incluir a análise de coisas como sedimentos e solos.

Inês Costa Macedo, ZAP //

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