Estudo da UC explica como os psicadélicos alteram a perceção visual

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Estudo liderado pela Universidade de Coimbra descobre mecanismos de alteração da perceção visual originados por psicadélicos.

Um estudo liderado pela Universidade de Coimbra apresenta um mecanismo que pode ajudar a explicar alguns dos fenómenos associados aos efeitos visuais dos psicadélicos.

No decorrer do estudo, cujos resultados são publicados na edição de agosto da revista NeuroImage, foi encontrado um mecanismo de alteração da resolução da visão central e periférica, que explica vários fenómenos visuais como a visão em túnel, que implica a perda de visão periférica.

Foi estudada a ação da dimetiltriptamina (de forma inalada, com ação breve), conhecida como DMT, em diversos participantes.

A DMT, lembra o comunicado da Universidade de Coimbra, é uma substância psicadélica natural que simula os efeitos de um neurotransmissor cerebral, a serotonina — que regula o humor, a sensibilidade sensorial, o sono, o apetite, a sexualidade, a resposta ao stress, a memória e outras funções cognitivas.

Agora os cientistas identificaram uma alteração da perceção, na qual “o centro do campo visual pode aparecer como definido de forma muito precisa e a periferia de forma obscura e difusa”, explica Miguel Castelo-Branco, investigador da Universidade de Coimbra e autor principal do estudo.

É como se “as pessoas com ação deste psicadélico tivessem pixels maiores no cérebro visual, o que diminui a resolução, que gera, por exemplo, distorção de objetos, sobretudo na periferia”, acrescenta o investigador.

No estudo foi utilizada a ressonância magnética funcional, técnica para estudar a atividade cerebral e as alterações funcionais das regiões que processam informação visual.

A equipa conseguiu “mapear modificações das propriedades de resposta das regiões do cérebro que respondem a estímulos visuais”, explica o neurocientista.

Assim, esta relação entre alterações dos mapas visuais e experiências percetuais surpreendentes poderá ser ligada a alterações precisas dos mapas sensoriais com a emergência de fenómenos, como determinadas formas de alucinação incluindo alterações da perceção do espaço.

“Pretendemos com esta investigação abrir novos caminhos para o entendimento do impacto dos psicadélicos nas dimensões afetivas, espirituais e cognitivas das pessoas, as respostas cerebrais que originam e os seus possíveis impactos do ponto de vista terapêutico”, conclui Miguel Castelo-Branco.

ZAP //

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