Estudo confirma a teoria dos “empregos da treta”

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Uma pesquisa concluiu que 19% dos funcionários consideram que os seus empregos não fazem nenhum contributo útil para a sociedade. Os setores administrativos e financeiros são os mais afetados.

Um estudo recente publicado na revista Work, Employment and Society trouxe uma revelação surpreendente: cerca de 19% dos empregados acreditam que os seus trabalhos não têm valor social. Este sentimento é particularmente predominante entre quem trabalha nos setores de apoio administrativo, vendas, negócios e finanças.

A noção de “trabalhos da treta” foi previamente introduzida pelo antropólogo e ativista David Graeber, que afirmou que uma grande parte dos trabalhos modernos são desprovidos de propósito, caracterizados por tarefas repetitivas e não fazem qualquer contribuição significativa para a sociedade.

Graeber acreditava que estes empregos emergiram de um sistema económico mais preocupado com a extração de riqueza e manutenção do poder do que com a verdadeira criação de valor para a sociedade.

Simon Manuel Walo, investigador pós-doutorado na Universidade de Zurique e principal autor do estudo, ecoou sentimentos semelhantes dos inquiridos. “Muitas pessoas trabalham em empregos que consideram socialmente inúteis. Isto parece ser um desafio social significativo que exige atenção”, considera.

Para aprofundar o fenómeno, Walo utilizou dados do Inquérito às Condições de Trabalho Americanas de 2015 (AWCS). Este inquérito englobou 1811 trabalhadores e visava avaliar as perceções dos trabalhadores em relação ao impacto e utilidade social dos seus cargos, escreve o Psy Post.

19% dos inquiridos considera que o seu trabalho é socialmente redundante. A perceção de inutilidade variou entre setores, sendo as ocupações de educação, formação e bibliotecas consideradas as mais úteis (4,6%) e as ocupações de transporte e movimentação de materiais as menos (31,7%).

Interessantemente, as profissões que Graeber tinha descrito como “da treta” correlacionaram-se com taxas mais elevadas de empregados que consideraram que têm trabalhos inúteis. “É crucial abordar este desperdício de potencial humano e recursos”, afirmou Walo. “No nosso clima global atual, é indefensável deixar os indivíduos a trabalhar sem um propósito válido.”

Apesar da clareza destes resultados, Walo expressou alguma surpresa. “Eu tinha antecipado que as pessoas nas profissões de Graeber considerariam os seus papéis socialmente desnecessários com mais frequência. Mas não esperava que todos estes empregos estivessem no topo juntos”, admite.

ZAP //

7 Comments

  1. Alucinações esquerdistas… Empregos da treta existem, mas mais no Estado. No sector privado, se um trabalhador não trouxer valor para a organização então o posto de trabalho é extinto.

  2. Socialmente inútil não o torna tecnicamente inútil. E a insatisfação pessoal da pessoa não deve, por si só, excluir um emprego que tem importância nos bastidores. No privado, nenhum cargo é mantido se não for de utilidade para a empresa.

  3. 1 -mulher e filhos do patrão com ordenado estão a contribuir para o bem estar do patrão . O patrão contribui com a organização que paga aos seus filhos …
    2 -Hoje já NÃO há patrões . Há indivíduos com qualidades acima da média que contribuem com o seu sacrifício para a existência de COLABORADORES que são parte da organização social
    3- Etc e tal …

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