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Hollywood verde. Primeiro estúdio ecológico europeu será em Portugal

Palmela será o palco do Centro Internacional do Audiovisual. 200 milhões de euros, uma estrutura única na Europa e o maior estúdio continental.

Vai ser construído – pelo menos é esse o plano – um Centro Internacional do Audiovisual em Palmela.

A notícia foi avançada há quase dois anos pelo presidente da Câmara Municipal, Álvaro Amaro, anunciando um investimento de um grupo de investidores privados.

O consórcio interessado neste centro audiovisual, para formação de actores e efeitos especiais (entre outros propósitos), inclui grandes investidores internacionais na área do audiovisual.

Na altura, em 2021, falou-se sobre um investimento de 175 milhões de euros, para a criação de 500 postos de trabalho directos, na primeira fase. Agora já se referem a 200 milhões de euros.

Mas, mais do que os valores, este Tage Studios de Portugal deverá ser a primeira instalação de filmagem totalmente ecológica na Europa.

Um facto destacado pelo portal Hollywood Reporter, revista muito conceituada ligada à indústria de Hollywood (cinematográfica e não só).

Estes novos estúdios, cuja construção ainda não arrancou – prevê-se para final de 2024 ou início de 2025 – serão os primeiros totalmente construídos a pensar na sustentabilidade ambiental.

Terá painéis solares, sistema de recuperação de água da chuva, sistemas de reutilização que reduzem o desperdício de água. O sistema de painéis solares vai fornecer toda a energia que o estúdio consumir.

Tudo num esforço para preservar a biodiversidade local – as fauna e flora locais terão atenção especial, na construção – e com uma ênfase no uso de materiais reciclados.

Uma instalação que pretende ser “amiga do meio ambiente e auto-sustentável desde o primeiro dia”, segundo David Hallyday, fundador e director do Tage Studios (e sim, filho de Johnny Hallyday).

Já há grandes estúdios europeus (Londres ou Berlim) a incorporar tecnologia verde e sustentabilidade ambiental; mas nenhum foi construído de raiz a pensar nesses critérios.

“Quando começámos este projecto, há cinco anos, não conseguíamos encontrar nenhum estúdio, em nenhum lugar, que fosse projectado assim, para ser uma instalação verde desde o início”, acrescentou o responsável, que reforça que o estúdio vai poupar água, energia, iluminação e aquecimento. “Não há exemplos a seguir”, disse Hallyday.

Em relação ao paisagismo, o design de janelas, por exemplo, foi pensado para evitar colisões de pássaros. O sistema de iluminação vai evitar ao máximo “poluição luminosa” e as operações nocturnas não vão perturbar os ritmos nocturnos da vida selvagem ao redor.

Porquê Portugal?

Motivo prático: é um dos países, em todo o mundo, mais favoráveis à energia solar. A ligação é óbvia.

Motivo político: “O Governo português é um líder global em política ambiental e estabeleceu metas ambiciosas para reduzir as emissões de gases de efeito estufa, aumentar o uso de energia renovável e promover práticas ecológicas”, lê-se no artigo.

“Portugal está extremamente desenvolvido no sentido da sustentabilidade – já produz cerca de 60 por cento da sua energia através de fontes renováveis”, descreveu Claire Havet, gestora de projectos da Tage Studios. E lembrou que Lisboa foi eleita a Capital Verde Europeia em 2020.

“Contamos com o total apoio do Governo português, que declarou o nosso atelier de interesse nacional”, reforçou Claire.

O estúdio principal em Palmela terá 5.200 metros quadrados. Haverá seis outros palcos, entre 2.000 e 3.600 metros quadrados. A área externa será de 55.000 metros quadrados, com um tanque de água ao ar livre.

Será também o maior estúdio da Europa, superando e Pinewood (Londres), Warner Leavesden (Watford) e Babelsberg (Berlim).

Claro que tudo isto é “muito, muito caro e demorado”, admite Hallyday. “Mas realmente não temos outra opção. Isso não é algo que podemos fazer pela metade. E estamos confiantes de que a indústria será – tem que ser – assim, no futuro”.

ZAP //

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