Um Tribunal espanhol condenou uma estudante de 21 anos a um ano de prisão por causa de várias publicações humorísticas que fez no Twitter, a propósito do assassinato do primeiro-ministro de Franco, durante a ditadura militar, num ataque terrorista da ETA.
O caso está a gerar revolta em Espanha, depois de Cassandra Vera, uma estudante de História de 21 anos, ter sido condenada a um ano de prisão por causa de 13 mensagens que publicou no Twitter, entre 2013 e 2016.
Os tweets da jovem tinham um tom humorístico e abordavam o assassinato do político Luís Carrero-Blanco, em 1973. Na altura, vigorava a ditadura de Franco e Carrero-Blanco era primeiro-ministro espanhol, tendo sido vítima de um atentado terrorista da ETA.
A jovem, que tinha 17 anos quando fez as primeiras publicações visadas no Twitter, foi condenada por “um crime de humilhação às vítimas do terrorismo”.
Além da pena de prisão, foi condenada à “inabilitação absoluta durante 7 anos”, o que significa que está impedida de aceder a quaisquer cargos públicos. Esta medida é particularmente fatal para a jovem, que sonha ser professora.
Numa publicação no Twitter, Vera lamenta a decisão judicial, que lhe “arruina a vida”, notando que fica sem direito à bolsa de estudo que tinha e com o sonho de se tornar professora “destroçado”.
A jovem está também a pedir, através do Twitter, ajuda para pagar as custas judiciais do processo, criticando o facto de lhe estarem a pedir que as pague quando é estudante e filha de pais desempregados.
Os advogados de Cassandra, que recebeu apoio judiciário do Estado, já anunciaram que vão recorrer da sentença para o Superior Tribunal de Justiça.
Entretanto, as críticas à decisão de condenação surgem de todos os quadrantes, nomeadamente do político, onde o líder do partido Podemos, Pablo Iglesias, lamenta que os “autores do atentado a Carrero foram amnistiados em 1977“. “Não cumpriram condenação. Cassandra vai cumprir mais pena por twitar em 2017″, conclui Iglesias.
https://twitter.com/Pablo_Iglesias_/status/847378801218564100
Neta do político assassinado critica condenação
A própria neta de Carrero-Blanco critica a condenação, num artigo de opinião no El País.
“Fazer humor com o assassinato de alguém repugna-me”, começa por escrever Lucía Carrero-Blanco, que realça, contudo, que o que a “preocupa é que um acto de patente mal gosto e falta de toda a sensibilidade se considere um crime”. “Por muito legal que seja, é um absoluto disparate”, considera a neta de Carrero-Blanco.
A Plataforma de Defesa da Liberdade de Expressão espanhola já salientou que a decisão do tribunal é “um ataque muito grave à liberdade de expressão”. “Parece um claro aviso aos navegantes: se twitas coisas inconvenientes, arriscas-te a isto“, conclui a PDLI.
Ahhhhh o doce sabor da Democracia e da liberdade de expressão…
Agora é “coitadinha”…pobre e filha de pais desempregados, etc etc. Deveria ter ocupado o tempo para estudar e refletir que não se brinca com a desgraça dos outros.
Bem feito! pela boca morre o peixe e se ferra o idiota.
E o/a yoram conhece na totalidade o assunto em questão? Sabe a que factos se referem na história politica espanhola? Teve oportunidade de ler os referidos comentários? E enquadrá-los com os factos a que realmente se referem? …”desgraça dos outros”, maior desgraça do que os que foram espezinhados por uma ditadura? Principalmente se for considerado o “tom” humorístico em que os comentários foram produzidos (como reconhecem os próprios familiares do visado nos comentários)?
Pois, digo-lhe que perdeu tempo em escrever o seu comentário, e acima de tudo exteriorizou como pequenina e mesquinha pode ser a mente de algumas pessoas. Não passa de um/uma ignorante com o desejo de expressar isso mesmo em público, imaginando que está a produzir um comentário valente, quando na realidade não passa de uma… coisinha… pequenina e desajustada… Uma coisa eu sei, de certeza que não dá valor à liberdade, apesar de a ter usado no seu comentário infeliz (que por ironia também serviu para insultar alguém, mesmo sem a conhecer).
Bem respondido.
Perdeste uma boa oportunidade para estares “calada/o”!
… Democracia tipo europeia. Justiça aplicada ao desbarato. O juiz que deu esta pena deve estar filado a algum grande cargo ou espanhol ou europeu. Mais um caso de justiça a ser investigado.
E é assim na França há já bastantes anos…
Não vejo nenhuma desgraça na morte violenta de um elemento activo de uma ditadura fascista, que é, em si mesma, uma violência, vivendo em permanente guerra civil com o povo que oprime. Ou o falecido não concordava plenamente com a história do franquismo e as suas atrocidades, bem como com a censura, a repressão de qualquer assomo de Liberdade, as prisões políticas, a tortura e a pena de morte, então ainda em vigor? Sabemos que sim, como sabemos que teria muitos assassínios de combatentes pela Liberdade – e não estou a falar da ETA, que tem uma história específica e cuja ideologia e métodos se foram aproximando perigosamente dos da ditadura que proclamava combater, sobretudo, paradoxalmente, quando esta foi substituída por um Estado de Direito, embora algo cambaleante, porque condicionado pela transição ainda negociada com os torcionários, que pretenderam, naturalmente, furtar-se à punição pelos crimes cometidos.
No que a rapariga deveria ter pensado era no facto de, em Espanha, ainda perdurarem juízes fascistas que fazem leituras fascistas de leis que, ou ainda não foram revogadas, para se adequarem à Democracia, ou, mudando, não se demarcaram claramente das leis paridas pelo franquismo, eventualmente por falta de coragem dos senhores deputados espanhóis. Facto estranho, traduzindo uma situação político-jurídica obsoleta, mas cuja realidade se revelou plenamente na perseguição ao bem conhecido (e incómodo para os saudosos da ditadura franquista) juiz Baltazar Garzón, afastado do seu posto por um refugo de juízes fascistas que a Democracia não saneou… Pelos vistos, tais juízes ainda pululam por lá e continuam a “julgar” de acordo com os velhos hábitos.
Está tudo muito bem, mas só uma pergunta, se ma permite: podemos portanto presumir que defende a pena de morte?
Resuma-se ao singular que é, não assuma plurais que ninguém o autorizou a “representar”: “podemos”, quem?
No singular, portanto, a resposta à sua pergunta, que não me cabe permitir ou não – os cúmplices e saudosistas de Francos e Carreros Blancos é que se arrogam desses poderes de permitir e proibir – é: não pode! Obviamente. Claramente
Um texto destes não é um tratado com as explicações todas. Nenhum é. Embora, para alguns (ou muitos), possa parecer demasiado complexo e pouco acessível. Problema que não é meu.
Sugiro-lhe é que não presuma mais do que aquilo que caiba na quantidade de informação contida no que lê (e não no que, de seu, do que convém à sua opinião e/ou preconceito, “acrescenta” ao que está num texto) e nas suas capacidades de interpretação. Tudo o resto é, não apenas abusivo, como – sempre – de frágil fundamentação.
Noto pelo nervosismo da resposta e pela violência do tom, pela verbosidade excessivamente pontuada da justificação com que disfarça a resposta que não podia deixar de dar, que percebeu a inconsistência entre ela e o comentário original.
Optimo, era isso mesmo. Mas bastava “sim”, ou “não”.
Entretanto, não posso deixar de assinalar que se arroga o poder de me indicar se devo ou não ser singular ou plural, que acha que tem o poder de me permitir expressar a minha opinião da forma que quiser, e de decidir em nome de quem o faço.
Concluimos portanto que acha que vive ou no tempo da outra senhora, ou no espaço de uma qualquer república soviética.
Não precisa de responder, não era uma pergunta. Nós já sabemos todos a resposta.
Mas respondo, embora ciente de que vós já sabeis “todos” (palavra?!…) a resposta… e também de que vós, senhor, não compreendereis a maior parte do que escrevo: evidentes diferenças de experiência, de percurso de vida e de interesses culturais tornam tal dificuldade assaz protuberante.
Conspícua é também a imaginação delirante expressa no primeiro parágrafo, que chega, mesmo, à gorada tentativa de crítica literária…
Enfim, quanto à fantasiosa dedução de “inconsistência”, esclareço que aturei 27 anos do “tempo da outra senhora”, contra a qual me insurgi activamente desde a adolescência, período em que aqui ao lado, em Espanha, uma “outra senhora” também reinava, torturava, garrotava, censurava. Cá, lá, no Brasil, na Grécia, no Chile, na Argentina e etcs. torturava-se, assassinava-se, censurava-se, reprimia-se em nome da “civilização cristã” (um mimo); na União Soviética e outros países auto-denominados socialistas, o mesmo se praticava, em nome de uma doutrina utópica, é certo, mas também falsificada, deturpada e corrompida pelos predadores – semelhantes em todas as ideologias – que fui obrigado a concluir, com o tempo e a reflexão sobre a realidade, constituírem a maioria da espécie humana. Pelo que deixou de me espantar que tais comportamentos alastrassem pelo Mundo (como, historicamente, pelos tempos), em nome das mais desvairadas desrazões. Ou que o puro instinto animal emergisse facilmente, com a banalidade diagnosticada por Hannah Arendt, nos Balcãs, no Sudão do Sul, em “califados islâmicos”…
Desprezo profundamente todos os que, em nome seja do que for, cerceiam a Liberdade, torturam, matam, censuram. Directamente ou por interpostos sicários. Considero que são criaturas nocivas, cuja morte não consigo lamentar, nem um pouco. Nem lamento não lamentar…
Tenho grande simpatia pela filosofia de um tal Jesus de Nazaré, reiteradamente adulterada e traída pelos seus pretensos seguidores, mas distancio-me da sua bem-intencionada benevolência, que parece tudo perdoar.
Confundir esta posição com a defesa da pena de morte é uma demonstração de exuberante incapacidade de entendimento; de facto, falando claro (nunca tive paciência para acatar a bem-pensância, as “boas maneiras” e a hipocrisia, próprias de burguesíssimos e aristocratíssimos moluscos, zelosamente cultivadas nas “suas sociedades”), de estupidez.
Também não tenho paciência para a estupidez.
Quanto à questão do singular ou plural, não se trata de qualquer arrogância de poder indicar (?!) seja o que for, ainda que, naturalmente, compreenda o desvio interpretativo, expectável desde a sua primeira linha.
Em termos semânticos (e históricos, já agora despacha-se também esta vertente), o recurso ao, significativamente, chamado “plural majestático” transporta nessa designação a crença, essa sim de (falso) poder, aqui sim, de quem a ele recorre. Desde logo, gramaticalmente, está errado: eu não sou “nós”, a minha opinião é só minha…
Em termos políticos, em sentido lato, o seu uso traduz muito claramente a atitude anti-democrática de quem assume uma representatividade colectiva que não tem, porque ninguém lha concedeu.
É, simplesmente e em ambos os casos, uma questão de rigor.
E, no que me toca, de mais uma acumulação de falta de paciência para os inúmeros “nós” e outros plurais abusivos que saem da boca ou da pena de quem nada representa: o “nós… portugueses, juristas, calceteiros, benfiquistas…” e tudo o que se possa, acefalamente, colectivizar é o tipo de imbecilidade que se ouve todos os dias e cansa; a que também pode acrescer um tipo de manipulação: “as portuguesas e as portuguesas não aceitam, não compreenderiam, sabem – ou não sabem”… e mais uns etcs., proferidos por criaturas que, mesmo se eleitas, representam quando muito um “programa eleitoral” ou “de acção”, mas não têm o direito de proclamar que “sabem” o que os portugueses, os sportinguistas, os cantoneiros municipais, os engenheiros electrónicos… sabem, ou pensam, ou aceitam/recusam, ou querem. Nesta acepção, era, isso sim, cousa mui usada nos tempos todos das “outras senhoras” todas.
Claro que este meu arrazoado é uma “verbosidade excessivamente coiso…” e outras adjectivações que se limitam a mascarar a tal incapacidade interpretativa que acima referi.
Pelo que é bem mais justificável que lhe devolva o “não precisa de responder”. A insuficiência e a confusão intelectuais não são, definitivamente, o meu habitat…
Resumindo:
– É contra a pena de morte mas não vê “nenhuma desgraça na morte” provocada de um ser humano.
– É a favor da liberdade de expressão mas insiste em querer dizer-me como é que me devo expressar, e em nome de quem.
Estamos todos esclarecidos.
Na sua primeira resposta ao meu comentário limitou-se a reagir com violência à cortesia com que me dirigi a si.
Nesta última, ultrapassou a linha do insulto, ao qual não respondo, e perante o qual dou este assunto por encerrado.
Em Espanha, há anos que se tenta implementar um regime repressivo, pelo menos que reprima tudo o que incomode o “poder”. Começou ainda no tempo de Gonzalez, com a ley Corcuera e agora refinaram-no desde que o bando de Rajoy está no poder.
Os média estão controlados e formatados de maneira inequívoca: as notícias relativas aos dois partidos do bloco central que têm alternado nos sucessivos governos, aparecem naturalmente expostas, mesmo quando se trata dos muitos escándalos de corrupção que salpicam ambos partidos. Enquanto isso, qualquer notícia sobre a oposição, principlamente quando se refere a Podemos – que agora os preocupa – vem sempre antecedida de um ataque do EI ou da Al Qaeda e precedida de uma referencia a umas armas ferrugentas, supostamente da ETA, encontradas debaixo de um fardo de bacalhau. Curiosa coincidencia.
Possivelmente esta jovem até é Basca logo por isso terá que pagar a fatura de Madrid a um preço mais elevado, melhor talvez pedir asilo politico noutro país não colonialista! Com isto não defendo aqui formas de terrorismo dessa forma para se atingir uma independência como também não é menos correto manter povos submissos pela força como é o caso de Madrid, duas formas de terrorismo destintas mas na prática com efeitos muito parecidos.
a nossa dita sociedade livre ,esta cada vez menos livre ! as novas geraçoes encaram isto com uma naturalidade assustadora ! os politicos dos tempos imperialistas estao a morrer ,mas deixaram os seus representantes a direita ,ao centro e na esquerda .
lá como cá eles estão aí. mudaram de fato mas não mudaram de cérebro