Estrelas “imortais” no centro da Via Láctea podem ter encontrado uma fonte infinita de energia

(dr) ESA – C. Carreau

Uma ilustração do centro galáctico da Via Láctea

Há um conjunto de estrelas perto do centro da Via Láctea que são muito mais jovens do que a teoria prevê ser possível. Novas investigações sugerem agora que a sua juventude pode ser eterna e alimentada por matéria escura.

Um aglomerado de estrelas a girar em torno do centro da Via Láctea pode tornar-se “imortal” ao capturar e destruir continuamente partículas de matéria escura nos seus núcleos.

Segundo o Live Science, os cientistas usaram simulações computacionais de evolução estelar e descobriram que as partículas de matéria escura capturadas pela gravidade dessas estrelas podem colidir e “aniquilar-se” umas às outras dentro da estrela, transformando-se em partículas comuns enquanto libertam uma quantidade significativa de energia.

A investigação defende, assim, que esta fonte de energia adicional poderia manter a estabilidade da estrela e torná-la imortal, mesmo depois de o seu fornecimento regular de combustível nuclear ter esgotado.

“As nossas simulações mostram que se as estrelas conseguem recolher grandes quantidades de matéria escura, que se aniquila no interior da estrela, isso pode proporcionar uma pressão externa, tornando a estrela estável devido à aniquilação da matéria escura em vez da fusão nuclear – pelo que as estrelas podem usar a matéria escura como fonte de energia”, explicou a investigadora Isabelle John.

“A diferença importante é que as estrelas esgotam o seu hidrogénio, o que acaba por causar a sua morte. Por oposição, as estrelas podem recolher matéria escura de forma contínua“, acrescentou.

Para testar esta hipótese, os investigadores realizaram uma simulação computacional do ciclo de vida de uma estrela rodeada por uma nuvem de matéria escura com uma densidade correspondente à do centro galáctico. Na experiência, os cientistas presumiram que a matéria escura consiste em partículas massivas de interação fraca.

Como as partículas de matéria escura ainda não foram encontradas em experiências de laboratório, a força da sua interação com a matéria comum e a taxa a que se aniquilam umas às outras não são conhecidas. No entanto, este estudo mostrou que, para certos valores destas quantidades, o mecanismo de produção de energia baseado na matéria escura explicava perfeitamente as propriedades das estrelas.

Contudo, para confirmar a sua explicação, os autores acreditam que é necessário descobrir mais estrelas perto do centro galáctico. Além disso, devem ser realizadas medições mais precisas dos parâmetros de estrelas conhecidas para comparar de forma confiável as observações com as previsões teóricas.

O artigo científico foi publicado no arXiv em maio, mas ainda carece de revisão por pares.

ZAP //

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