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“Todos deviam ver isto”: lágrimas na estreia, em Portugal, do primeiro filme de uma Ucrânia em guerra

Bucha – Memória Ou Esquecimento é a primeira longa-metragem filmada na Ucrânia desde a invasão russa. Não faltou emoção em Lisboa.

Numa fase em que o cinema está longe de ser uma prioridade na Ucrânia, ainda vão surgindo umas obras ucranianas em destaque.

Bucha – Memória Ou Esquecimento é o primeiro filme, longa-metragem, filmado na Ucrânia desde que a Rússia invadiu o país vizinho em 2022.

Numa das cidades-chave da guerra, o filme retrata uma história real – como se esperava – de Konstantin Gudauskas, um refugiado do Cazaquistão que arriscou a sua vida para salvar mais de 200 pessoas daquela cidade.

Bucha foi capturada logo nos primeiros dias de guerra, no dia 12 de Março de 2022 – mas libertada pelos militares ucranianos no final desse mês.

O que se seguiu foi impressionante: as imagens de ruas repletas de cadáveres, muitos com mãos atadas e sinais de tortura. O retrato de um “massacre”.

Este filme recupera essa fase. Foi realizado no ano seguinte, 2023, por Stanislav Tiunov e escrito por Oleksandr Shchur, que disse ao Euronews que o cinema pode ser uma “arma para a verdade”.

Já se estreou no Festival de Cinema de Varsóvia e foi projectado no Parlamento Europeu, em Bruxelas.

Agora chegou a Portugal. A ante-estreia decorreu nesta quarta-feira na embaixada da Ucrânia em Portugal, onde esteve a embaixadora Maryna Mykhailenko: “Este filme é importante porque o que aconteceu lá demonstra claramente o que a invasão russa significa para a Ucrânia. E não só para nós, porque Bucha é um abre-olhos para todo o mundo democrático”, cita a rádio Renascença.

“Todos merecem uma paz justa onde o agressor pague pelos seus crimes”, acrescentou a embaixadora.

Um dos vários ucranianos que estiveram na sessão tem apenas 12 anos e confessou: “Nunca pensei que a Rússia fizesse isto à minha terra”.

Outra ucraniana, também não identificada, disse na Antena 1 que este filme “é muito poderoso. E acho que toda a gente deve ver“, analisou, entre lágrimas (não foi a única a chorar na ante-estreia).

“É uma oportunidade para a Europa juntar-se e apoiar o lado da luz”, completou a imigrante.

Ricardo é português mas está casado com uma ucraniana: “Isto é uma guerra genocida, imperial e que não vai parar. A Europa fica entalada. E a Rússia não tem qualquer tipo de problema em sacrificar a sua população”.

Nuno Teixeira da Silva, ZAP //

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