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“Estratégia única”. Formigas adaptam uso de ferramentas para evitar o afogamento

Rubén Díaz / Flickr

Uma equipa de cientistas observou pela primeira vez espécimes de formigas da espécie Solenopsis richteri, nativas da América do Sul, a utilizar grãos de areia como ferramentas para evitar o afogamento.

O novo estudo, cujos resultados foram recentemente publicados na revista especializada Functional Ecology, não só mostra que esta espécie é capaz de detetar o aumento de riscos envolvidos na procura de alimento, como também evidencia que estes animais são capazes de mudar as suas estratégias no uso de ferramentas perante os desafios da natureza.

De acordo com os cientistas, as formigas da espécie Solenopsis richteri têm capacidades cognitivas consideráveis para estratégias de alimentação únicas.

Para chegar a esta conclusão, os cientistas levaram a cabo um procedimento experimental que consistia em colocar alguns destas animais num espaço em que estava também alguma areia, bem como pequenos recipientes com água com açúcar.

Os recipientes com água açucarada permitiam que os espécimes de Solenopsis richteri conseguissem flutuar e alimentar-se à superfície; contudo, quando os cientistas reduziram a tensão superficial da mistura, tirando-lhes as capacidade de flutuar, os insetos começaram a colocar grãos de areia no interior do recipiente para que o alimento, isto é, a água com açúcar, vertesse do recipiente, explica o portal Eureka Alert.

 

 

“Descobrimos que as formigas usavam a areia para construir uma estrutura que pudesse efetivamente retirar a água com açúcar do recipiente para ser recolhida”, disse o líder do estudo, Aiming Zhou, citado em comunicado. “Esta excecional capacidade de produção de ferramentas não apenas reduziu o risco de afogamento das formigas, como também proporcionou uma maior área para que pudessem recolher água com açúcar”.

Esta foi a primeira vez que esta espécie foi observada a adaptar ferramentas para evitar um eventual afogamento. O uso de ferramentas é, por norma, um indicador de sofisticação cognitiva, sendo principalmente observado em primatas e alguns pássaros.

“O nosso estudo é o primeiro a analisar este tópico interessante [uso de ferramentas por parte de animais invertebrados]”, observou Zhou, acrescentando: “Esperamos que o nosso artigo motive outras pessoas a fazerem investigações relacionadas”.

ZAP //

 

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