Estratégia de zero casos da Nova Zelândia cada vez mais questionada por especialistas

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Jacinda Ardern, primeira-ministra da Nova Zelândia

Nova Zelândia tem implementado uma estratégia de erradicação do vírus, impondo confinamentos quando são detetados casos isolados de infeção.

Depois de na última semana o Governo da Nova Zelândia ter anunciado que o país iria entrar em confinamento após ter sido detetado um único caso de infeção por Covid-19 — o primeiro resultante da variante Delta —, muitos começaram a colocar em causa a estratégia de erradicação do vírus que Jacinda Arden, e quem a aconselha, parecem querer implementar.

Chris Hipkins, ministro neozelandês responsável pelo combate à pandemia, admitiu que a presença da variante Delta no país “levanta grandes questões sobre a viabilidade a longo prazo” dos procedimentos até agora decretados. “A variante Delta levanta grandes questões com as quais nos vamos ter que debater. Menos de 24 horas para alguém ser infetado e transmitir o vírus a outras pessoas… isso é algo que nunca vimos nesta pandemia e que muda tudo”, afirmou.

Hipkins também considerou que face aos mais recentes desenvolvimentos, muitas das proteções usadas para travar a propagação do vírus começam a ser “menos adequadas e robustas”. Como tal, as autoridades estão a procurar novas soluções, já que a abertura da economia no futuro é uma inevitabilidade. “A certa altura, no futuro, teremos que começar a abrir”, disse o especialista.

Segundo o The Guardian, desde que o primeiro caso da variante Delta foi detetado e o país iniciou um novo confinamento nacional, mais de 70 novas infeções resultantes de transmissão comunitária foram identificadas — com dez mil contactos a serem testados.

A sequenciação do genoma permitiu às autoridades de saúde conseguiram descobrir que a infeção originária terá surgido através de um viajante que chegou da Austrália, não sendo possível avançar com explicações sobre como a transmissão terá acontecido para a comunidade, já que este cidadão foi colocado em quarentena.Sob investigação está um caminho pedonal próximo das instalações em que o indivíduo esteve isolado, separado da via pública por cones e uma vedação.

As declarações do ministro foram interpretadas como um sinal de que a estratégia implementada até agora pode estar prestes a ser abandonada. No início do mês, a primeira-ministra neozelandesa deu a conhecer os seus planos de reabrir as fronteiras, uma medida que seria compatibilizada com a estratégia de zero casos.

Para Michael Baker, epidemiologista neozelandês, a estratégia de eliminação da propagação do vírus pode ser essencial no curto prazo, até que mais população esteja vacinada. “Em muitos sentidos, estamos a comprar tempo para aprender a gerir este vírus a longo prazo”, afirmou o especialista. Isto pode significar que o país vai passar a uma estratégia de supressão, que tem como objetivo manter o número de casos baixo, mas apenas a partir do fim deste ano.

Desde que o novo surto foi detetado, a administração de vacinas acelerou na Nova Zelândia, onde apenas um quinto da população tem o esquema vacinal completo, menos de 1 milhão de pessoas.

Ana Rita Moutinho, ZAP //

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