“Estratégia de terror”. Luta de gangues origina 116 mortos em prisão do Equador

Uma luta entre cartéis mexicanos para controlar as rotas do tráfico de cocaína no Equador resultou em 116 reclusos mortos numa prisão de alta segurança. Muitas das vítimas foram massacradas com motosserras ou decapitadas com facões.

Na quarta-feira, enquanto as autoridades tentavam retomar a prisão Litoral, na cidade de Guayaquil, foram encontrados corpos em vários zonas do edifício. Um dia antes, imagens publicadas nas redes sociais mostravam reclusos das gangues Los Choneros e Los Lobos a lutar com facões, armas e granadas, no terceiro episódio do género registado este ano.

O coronel Mario Pazmiño, ex-diretor da inteligência militar do Equador, disse ao Guardian que a escalada da violência foi impulsionada por grupos mexicanos que disputam o controle das rotas de tráfico através de gangues locais.

“Este tipo de violência tem aumentado à medida que gangues lutam pelo controle das prisões”, indicou. “A violência, o desmembramento, a decapitação, são estratégias para semear o terror entre os reclusos para ganhar o controle territorial – não apenas dentro da prisão, mas fora”, acrescentou.

O Presidente do Equador, Guillermo Lasso, anunciou o estado de emergência de 60 dias nas prisões, indicando disse que destacaria o exército e direcionaria 24 milhões de dólares (cerca de 21 milhões de euros) em fundos para pacificar as prisões.

“A violência extrema se normalizou nas prisões”, referiu Itania Villarreal, ex-diretora da instituição estatal que trabalha para reabilitar reclusos, sublinhando: “Já ocorreram os assassinatos mais atrozes e desumanos, com decapitações, queimaduras, até mesmo com uso de motosserras”.

“O sistema penitenciário entrou em colapso”, notou Villarreal, culpando as autoridades por não realocarem membros de gangues em prisões de segurança máxima e pela falta de funcionários nas penitenciárias.

Mais de 200 reclusos morreram no Equador este ano, mais do que o dobro do número do ano passado. Em fevereiro, 79 pessoas foram mortas enquanto gangues rivais lutavam pelo controle em três prisões. Em julho, mais 22 presos perderam a vida na mesma prisão.

As prisões em toda a América Latina estão sobrelotadas e controladas por gangues criminosas que as usam como quartéis-generais para coordenar o tráfico de drogas e outras atividades criminosas.

Taísa Pagno //

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