Vento de quase 160 km/h e seis feridos: milhares de estragos devido ao mau tempo

Miguel A. Lopes / Lusa

Árvores, escolas, estradas, casas sem luz, até estádios de futebol: cenário muito complicado. Números “acima da média”.

Árvores e contentores no chão, estradas cortadas, escolas fechadas, casas sem luz, até estádios estragados; centenas de ocorrências, milhares de telefonemas para os bombeiros. Portugal viveu uma noite e uma madrugada muito complicadas em diversos pontos do país, por causa da depressão Martinho.

O mau tempo originou muitos problemas: ““Temos o registo acumulado desde as 00:00 de dia 19 [quarta-feira] até às 07:00 de dia 20 [hoje] de 4.214 ocorrências, das quais 2.314 quedas de árvores, 1.169 quedas de estruturas, 643 limpezas de via, 45 movimentos de massa e 38 inundações”, disse à agência Lusa José Miranda, da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC).

Mais tarde, uma atualização: 5.800 ocorrências, 15 desalojados e 13 tiveram de ser deslocadas, de acordo com o mais recente balanço da Proteção Civil, que reconhece tratar-se de um número “acima da média”.

Portugal está sob efeito da depressão Martinho, que obrigou a avisos quanto ao vento, chuva e agitação marítima fortes.

A rede elétrica de 82 mil clientes da E-Redes estava, ao início da manhã, com grandes constrangimentos, sendo os distritos de Leiria, Coimbra e Viana do Castelo os mais afetados, informou a empresa do grupo EDP. De acordo com a empresa, a situação pior ocorreu pelas 01:00, quando 185 mil clientes ficaram com perturbações no fornecimento de energia. Quatro escolas em Pombal estão fechadas – não há luz.

O mau tempo que se verificou durante a noite causou problemas na circulação ferroviária nas linhas de Cascais, Douro e Beira Alta, informou a CP – Comboios de Portugal. Há comboios parados nas linhas de Cascais, Douro e Beira Alta: cerca das 08:00 da manhã, a circulação mantinha-se suspensa na Linha de Cascais, na Linha do Douro, entre Régua e Marco de Canaveses, e na Linha da Beira Alta, entre a Guarda e Celorico. Também na Ponte 25 de Abril a circulação chegou a estar suspensa.

A zona da Grande Lisboa e arredores foi particularmente afetada. Entre os estragos, estiveram também diversas estradas cortadas, quer na capital, quer no Seixal.

A depressão Martinho causou em Lisboa ferimentos em 6 pessoas durante a noite e pelo menos 638 ocorrências até às 10:00, sobretudo quedas de árvores, anunciou o presidente da Câmara, Carlos Moedas.

Miguel A. Lopes/LUSA

Carro destruído pela depressão Martinho

Em todo o país, houve rajadas de vento que superaram os 100 km/h. Uma chegou mesmo aos 158,8 km/h, em Fóia (serra de Monchique), de acordo com o IPMA – Instituto Português do Mar e da Atmosfera.

Os fortes ventos da madrugada arrancaram a cobertura da nave das piscinas municipais de Figueira de Castelo Rodrigo, que estão encerradas por tempo indeterminado.

Até estádios de futebol ficaram parcialmente destruídos. Estas imagens mostram como ficaram o estádio do Rio Ave, em Vila do Conde, e o estádio do Oliveira do Hospital:

“Estabilizada”

O primeiro-ministro disse que a situação meteorológica em Portugal “está muito estabilizada” e anunciou que o Governo está preparado para acionar quaisquer meios necessários.

“Neste momento creio que a situação está muito estabilizada, não tenho informação de que haja um agravamento, mas naturalmente continuamos a acompanhar de perto o evoluir da situação”, disse Luís Montenegro, à entrada para uma reunião do Conselho Europeu, em Bruxelas, capital da Bélgica e onde estão localizadas as principais instituições europeias.

O primeiro-ministro acrescentou que o Governo está a “fazer o levantamento” dos estragos registados, de modo a ajudar à “reposição da normalidade”.

“Faremos aquilo que sempre temos feito nestas ocasiões, que é ser rápido e ir ao terreno em colaboração estreita com as autarquias locais, fazer o levantamento dos estragos e proceder de imediato à ajuda das populações e das entidades afetadas”, completou.

ZAP // Lusa

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