Belém está de luto por Gaza, onde já morreram cerca de 20 mil palestinianos às mãos de Israel. Não há árvore de Natal, música ou luzes. Apenas se rezará pela paz.
Parece estranho ver o Natal ser celebrado por todo o mundo, exceto na cidade de Belém, na Cisjordânia ocupada por Israel, onde nasceu Jesus Cristo, que deu origem ao feriado celebrado no dia 25 de dezembro. Apesar de tudo, é o que vai acontecer este ano.
As luzes festivas e a tradicional árvore de Natal colocada na Praça da Manjedoura não estarão presentes na terra onde se acredita ter nascido o Messias, confirmaram as autoridades de Belém. As marchas, os pais Natal e a música não vão trazer magia às ruas neste ano marcado pela guerra.
Os líderes da Igreja em Jerusalém e o conselho municipal de Belém tomaram a decisão no mês passado de renunciar a “qualquer celebração de Natal desnecessariamente festiva” em solidariedade aos habitantes de Gaza.
Apesar de o cancelamento das festas natalícias representar um duro golpe para a economia da cidade — uma vez que atraem milhares de visitantes todos os anos — a folia não tem espaço este ano devido ao sofrimento vivido entre os palestinianos em Gaza, motivado pela guerra entre Israel e o Hamas.
“A economia está a cair a pique“, disse o presidente da Câmara, Hana Haniyeh, à The Associated Press na passada sexta-feira. “Mas se compararmos com o que está a acontecer ao nosso povo e a Gaza, não é nada.”
“Este é o pior Natal. Mesmo durante a primeira intifada [insurreição palestiniana contra Israel], a segunda intifada, não foi assim”, diz um lojista local à NPR. Normalmente, viam-se “muitas pessoas de todo o mundo. Agora, está tudo escuro à noite.”
Apesar de não haver festividades, as cerimónias religiosas mantêm-se, dentro do possível. O patriarca de Jerusalém ainda comandará a missa da meia-noite na véspera de Natal, mas este ano os peregrinos estarão afastados e o acesso à cidade muito limitado pelas autoridades israelitas.
“Belém é uma parte essencial da comunidade palestiniana. Por isso, na Missa da Meia-Noite deste ano, rezaremos pela paz, a mensagem de paz que foi fundada em Belém quando Jesus Cristo nasceu”, disse Haniyeh.
A Cisjordânia tem assistido a um aumento acentuado de violência desde o início da guerra, desencadeado pelo ataque surpresa do Hamas a 7 de outubro. Mais de 290 palestinianos foram mortos pelas forças israelitas, segundo as autoridades de saúde locais.