A iniciativa mistura a veracidade histórica com o humor. Com recurso a um códio QR, os utilizadores receberão uma chamada telefónica da estátua a explicar a sua história.
Lisboa vai avançar com uma iniciativa inovadora na forma como interage com a sua herança cultural e artística, mas especificamente com as suas estátuas.
A partir deste sábado, 22 estátuas espalhadas pela freguesia de Santo António, incluindo na emblemática Avenida da Liberdade, ganharão “vozes” através de um projeto pioneiro denominado “História com Voz”, avança o Público.
A iniciativa, idealizada pelo presidente da Junta de Freguesia de Santo António, Vasco Morgado (PSD), após uma inspiração vinda de Londres, procura revitalizar a perceção pública sobre estes monumentos de figuras históricas da cidade.
Ao apontar a câmara de um smartphone para um código QR numa placa metálica próxima das estátuas, como a do Marquês de Pombal, o utilizador é redirecionado para uma página na internet e recebe imediatamente uma chamada telefónica.
A chamada contém uma gravação de cerca de três minutos, narrada por figuras públicas como Júlio Isidro, Herman José, David Fonseca, Marina Mota, entre outros, que contam de forma leve, mas historicamente precisa, a história dos monumentos.
Este projeto, financiado pela Câmara Municipal de Lisboa com um orçamento de 50 mil euros, não é exclusivo para falantes de português. Uma tradução e interpretação realizada por um sistema de inteligência artificial permite que as histórias sejam também acessíveis em inglês.
Além das narrações, os trechos incluem elementos de sonoplastia, enriquecendo a experiência auditiva.
A ideia surgiu quando Vasco Morgado, durante uma viagem a Londres, se deparou com uma estátua de Sherlock Holmes equipada com um código QR.
Inspirado também pelos audioguias dos museus londrinos, Morgado viu uma oportunidade de trazer uma nova vida às estátuas de Lisboa e desafiou o humorista Nilton a desenvolver os textos, que combinam informação histórica com um toque de humor.
O “História com Voz” estende-se além da Avenida da Liberdade, abrangendo outras áreas da freguesia, como o Jardim das Amoreiras e o Jardim do Torel. Entre as estátuas selecionadas estão figuras históricas, mitológicas e até obras de arte abstratas, como “Sou como tu” de Rui Chafes.
Além de oferecer uma nova perspectiva sobre a estatuária de Lisboa, o projeto inclui um itinerário de 5,4 quilómetros que liga todas as 22 estátuas, começando no Marquês de Pombal e terminando no Jardim do Torel.
Esta iniciativa representa um esforço inovador para integrar tecnologia e cultura, proporcionando aos lisboetas e turistas uma maneira única de explorar e apreciar os tesouros históricos da cidade.