A estatueta era uma das obras de arte que o Estado apreendeu em 2010 e que estavam desaparecidas, mas foi recuperada pela PJ na casa que está em nome do antigo motorista de Rendeiro.
Entre a coleção de arte de João Rendeiro que foi apreendida em 2010, estava uma estatueta a representar a “Nossa Senhora com o Menino ao Colo“.
Um especialista em obras de arte ouvido pelo Expresso revela que a obra é uma “imagem do século XVI que, a julgar pela fotografia, está em excelente estado de conservação e pode chegar a um valor a rondar os 10 mil euros“.
O objeto é um dos que estava em falta na casa de Rendeiro, em Outubro de 2021, quando a PJ foi verificar o estado das 124 obras de arte que estavam à guarda da mulher do ex-banqueiro.
A polícia encontrou a estatueta em Novembro de 2021, durante as buscas a imóveis em nome de Florêncio de Almeida, presidente da Antral, e do seu filho, que tem o mesmo nome e foi motorista do casal Rendeiro.
A obra foi descoberta num apartamento que está em nome do antigo motorista na Quinta Patino, em Cascais, mas onde vive Maria de Jesus Rendeiro, que está lá a cumprir prisão domiciliária.
A PJ detém agora a estatueta, depois da força policial ter feito um raide a três propriedades controladas diretamente ou indiretamente pelos Rendeiro em que arrestou todos os objetos de valor, que serão usados para se garantir o pagamento de uma indemnização aos lesados do BPP.
Apenas restaram os bens essenciais para que Maria de Jesus Rendeiro pudesse viver com conforto, como um frigorífico, uma cama e um fogão. Os restantes objetos de valor, como mobiliário, obras de arte, tapetes e até faqueiros foram levados.
A juíza Loureiro Tânia Gomes, titular do processo, tinha recusado arrestar os bens de Rendeiro no final do ano passado, argumentado que “não era o momento” para tomar essa decisão.
Mas o pedido de arresto acabou por se concretizar depois de Rendeiro ter sido detido na África do Sul, três meses depois de ter fugido da justiça em Setembro, e após a sua mulher ter ficado em prisão domiciliária devido ao desaparecimento e falsificação de algumas das obras de arte de que era fiel depositária e que tinham sido apreendidas pelo Estado em 2010.
Ao contrário dos arrestos normais, em que são agentes de execução a ir buscar os bens, a juíza exigiu que fossem inspetores da PJ a apreender o recheio da casa.