A tecnologia tem a “infeliz” tendência de vir baralhar as coisas que certos interesses gostariam de manter como estão – e o Screening Room é a proposta de um novo serviço que permitir ver um filme do cinema em casa, logo no dia da sua estreia.
O Screening Room poderia ser apenas mais uma ideia maluca que pudesse ser prontamente descartada e atirada para o lado – não fosse o facto de ser o mais recente projecto de Sean Parker, que já abalou a indústria da música com o Napster e mais tarde ajudou a que o Facebook se tornasse naquilo que é actualmente.
A ideia é extremamente simples e vem dar resposta a algo que o mercado deseja mas que continua por satisfazer: a possibilidade de ver um filme “do cinema” em casa.
Sean Parker quer fazer com que isso seja algo comum e acessível, propondo a visualização de filme logo na sua data de estreia, mediante o pagamento de 50 dólares – que não é propriamente barato, mas que acaba por ser relativamente acessível se se considerar um grupo de 4 ou 5 pessoas.
A questão é que, se tecnicamente não há problemas, há todo um outro conjunto de dificuldades, que está relacionado com a forma como a indústria do cinema está montada, e onde as cadeias que detêm as salas de cinema fazem exigências quanto aos prazos em que os filmes terão que ficar exclusivamente nos cinemas e quando é que poderão passar para os serviços de streaming, TV, bluray, etc.
Po essa razão, o Screening Room tenta amenizar um pouco as coisas, com propostas como a oferta de dois bilhetes de cinema quando um cliente pague os $50 para ver um filme, de modo a que isso os faça ir ao cinema (e potencialmente comprar pipocas ao preço inflacionado que é praticado)…
Mas não será fácil fazer com que os cinemas aceitem esta concorrência. Enquanto não o fizerem…
É bom que não esquecer que não é por um filme não estar disponível legalmente que o mesmo deixa de surgir nas redes pirata, mesmo quando se trata de uma versão sem qualidade, filmada numa sala de cinema e onde se vêem as cabeças das pessoas na fila da frente.
Quanto mais depressa a indústria do cinema chegar à conclusão que a solução é disponibilizar formas legais e acessíveis de consumir os seus conteúdos, e se adaptar a esta nova realidade, melhor.