A reunião desta segunda-feira para discutir a distribuição de mais 120 mil refugiados entre os vários Estados-membros falhou. Comissão Europeia está desapontada com a falta de união e a decisão fica adiada para outubro.
O comissário europeu das Migrações disse esta terça-feira, em Bruxelas, que ficou desapontado com a falta de acordo entre os ministros do Interior da União Europeia sobre a relocalização de mais 120 mil refugiados entre os Estados-membros.
Numa audição no Parlamento Europeu, Dimitris Avramopoulos disse aos eurodeputados que ficou “muito desapontado” com a reunião extraordinária de segunda-feira, pois “esperava mais apoio por parte de todos os Estados-membros” em torno da proposta apresentada na semana passada pelo executivo comunitário, para distribuir entre os 28 mais 120 mil refugiados, além dos 40 mil já acordados em julho passado.
“Sim, a maioria foi muito prestável. Mas não fiquei contente por ver alguns países a pensar de uma forma mais nacional do que europeia“, declarou, sem mencionar nenhum Estado-membro em particular.
Avramopoulos garantiu, todavia, que “a Comissão está determinada” e vai continuar a trabalhar para o mesmo objetivo.
“Não conseguimos ainda o acordo que queríamos, mas vamos voltar e tentar de novo”, asseverou.
Segundo a imprensa internacional, a decisão fica agora adiada para 8 de outubro.
Intervindo também no debate, a Alta Representante da UE para os Negócios Estrangeiros, Federica Mogherini, advertiu igualmente que “a falta de unidade interna” na União Europeia “tem consequências” na sua imagem externa e na eficácia da sua ação externa.
Na reunião extraordinária de segunda-feira dos ministros do Interior da União Europeia, os ’28’ foram incapazes de chegar a um acordo sobre o plano de redistribuição de mais 120 mil refugiados proposto pela Comissão Europeia, que Portugal apoiava, sobretudo devido a entraves colocados por Hungria, Polónia, República Checa e Eslováquia.
Guterres chocado com falta de união europeia
O Alto Comissário da ONU para os Refugiados, António Guterres, também afirmou o seu descontentamento em Bruxelas, comentando que houve mais união na crise com refugiados da Hungria, em 1956.
Intervindo numa audição no Parlamento Europeu, Guterres disse ter ficado muito “desapontado” e “sob choque” com o desfecho da reunião extraordinária da véspera, considerando inaceitável que, numa situação de emergência, se adiem decisões para futuras reuniões.
Sem mencionar os Estados-membros que têm estado a impedir um compromisso, António Guterres recorreu ao exemplo do sucedido na década de 1950 com a Hungria, hoje um dos Estados-membros que mais se opõe a um sistema europeu de acolhimento de refugiados, para estabelecer uma comparação, na qual a Europa fica hoje a perder, realçou.
ZAP / Lusa
Crise dos Refugiados
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