Um grupo de milionários da área das tecnologias lançou um fundo de investimento destinado a lançar novas sociedades libertárias, designadas “Estados em Rede”.
Um novo fundo de investimento, designado Balaji Fund e financiado por um grupo de bilionários de Silicon Valley, vai promover a criação de novas sociedades, moldadas sob ideias libertários e chamadas “Estados em Rede”.
O grupo de investidores, entre os quais se encontra Brian Armstrong, o bilionário CEO da Coinbase, vai ser liderado por Balaji Srinivasan, antigo partner da venture capital Andreessen Horowitz.
A criação do fundo foi anunciada esta quarta-feira por Srinivasan num post no antigo Twitter. “Vamos investir em empresas promissoras, especialmente startups e estados em rede”, adiantou o investor.
“Vou meter o meu próprio dinheiro“, detalhou Srinivasan — que não é ele próprio, no entanto, um milionário.
Segundo a Vice, estes “Estados em Rede” são uma mistura de avanço tecnológico e ideais libertários, que funcionam livres de regulamentações rígidas, com uma abordagem mais descentralizada.
Ppor trás desta iniciativa está uma visão de sociedades criadas em sintonia com os valores da era da internet, como os conceitos de open-source e peer-to-peer.
Além de Brian Armstrong, entre os principais investidores contam-se o co-fundador da AngelList Naval Ravikant e o capitalista de risco Fred Wilson, figura ligada à Coinbase. A sua força financeira combinada e influência tecnológica conferem a este projeto uma base sólida, diz a Vice.
Há mais de uma década que Srinivasan, também ex-CTO da Coinbase e co-fundador da Counsyl, advoga o conceito de Estados em Rede, tendo dado inúmeras conferências destinadas a promover esta filosofia e publicado um livro online, “The Network State”, com os seus fundamentos ideológicos.
Srinivasan sustenta que o Ocidente está em declínio devido aos mecanismos de estado centralizados, que historicamente enfraqueceram a economia, e prevê uma mudança de paradigma com a qual os empreendedores e capitalistas vão recuperar influência com a ajuda de tecnologias como a Bitcoin.
As plataformas blockchain têm um papel central neste novo plano de sociedade, sendo um veículo de transição de um estado com controlo centralizado para um sistema onde a emissão de moeda é governada por código, não por burocratas — em linha com a filosofia original por trás da criação da Bitcoin.
“Se a Bitcoin vencer, isso muda completamente o mundo, porque muda a capacidade dos estados centralizados fazerem o que têm andado a fazer”, explicou recentemente Srinivasan numa conferência em Amsterdão.
A ambição do Balaji Fund estende-se para além dos reinos digitais. O plano inclui a criação de comunidades e cidades no mundo real, moldadas com novos tipos de instituições e geridas por entidades privadas, com princípios como uma vida sem carros e abordagens inovadoras na educação e saúde.
Segundo o investidor, exemplos como a Culdesac, comunidade livre de carros localizada em Tempe, no Arizona, e a Próspera, a cidade privada nas Honduras apoiada pelo bilionário Peter Thiel, mostram a viabilidade prática destas ideias.
Estas sociedades libertárias poderiam criar oportunidades de inovação em áreas controversas como as terapias genéticas experimentais, como está a acontecer em Próspera, salienta Srinivasan.
Os por vezes questionáveis ideiais libertários parecem ter desta vez o poder da tecnologia numa mão e fundos consideráveis na outra — sinais de que poderemos ver brevemente nascer novos “Estados em Rede” com filosofias de funcionamento bastante diferentes das tradicionais.