Só se podia cantar e dançar em eventos religiosos — até um animado festival da Igreja Hillsong

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Justin Higuchi / Wikimedia

Evento Hillsong United em Los Angeles em 2014

Artistas criticavam as autoridades do estado de New South Wales, na Austrália, por permitir grandes aglomerações em eventos religiosos, mas proibi-las para concertos. Um festival da Igreja Hillsong acabou com a excepção.

As autoridades de saúde no estado australiano de New South Wales avisaram a Igreja Hillsong que deve “parar imediatamente de cantar e dançar” depois de surgirem vídeos de jovens que frequentam as igrejas a participar em actividades festivas em grandes aglomerações.

Para combater a subida de casos trazida pela variante Ómicron, o estado tinha proibido eventos que envolvessem cantar e dançar, como concertos, festivais, ou festas em discotecas — mas os espaços religiosos estavam isentos das regras.

A exceção levou a que os músicos acusassem os responsáveis de terem critérios diferentes para as igrejas e para os artistas, aponta o Washington Post.

Nos últimos dias, porém, após um evento recente da Igreja Hillsong — que começou na Austrália e já se expandiu para mais de 30 países, produzindo muita música evangélica — começaram a circular na internet vídeos que mostravam uma situação mais parecida com um concerto do que com uma missa.

O primeiro-ministro do estado, Dominic Perrottet, revelou aos jornalistas na sexta-feira que estava “completamente chocado” com os vídeos e que compreendia a “frustração e a raiva” que as pessoas sentiram depois de verem as imagens do evento da Igreja Hillsong.

“Esta foi uma excepção àquilo a que todas as outras pessoas no estado estão a fazer, aos esforços e sacrifícios de todos. Nós criamos aquelas regras e mesmo que tecnicamente não as tenha quebrado, certamente não estava dentro do espírito das regras”, afirmou Perrottet sobre a aglomeração, acrescentando que outras potenciais brechas nas regras podem ser apertadas.

Estão especificamente a ter como alvo alguns grupos e não outros“, criticou Christopher John Emerson, artista de música eletrónica, que diz que já sente o efeito das restrições há mais de um ano e meio.

Emerson também se questiona por que é que as regras são tão distintas entre os eventos religiosos e os restantes, visto que o risco pandémico é igual e que, para alguns, a música é “como uma religião”.

O artista também integra um grupo de músicos que criou um vídeo satírico onde se apelidou como “Thrillsong” e que se propõe a actuar para enormes multidões em igrejas, mas não em festivais, bares, discotecas ou recintos culturais.

Já Holly Rankin, cantora que actua com o nome de palco Jack River, refere que as regras “discriminam à vista de todos” contra a indústria da música, numa altura em que as carreiras de muitos artistas “estão por um fio”.

Em resposta à polémica, a Hillsong esclareceu que o evento fazia parte de um campo juvenil cristão e que não era um festival de música. A organização também pediu desculpa por “dar qualquer percepção” de que não está a ajudar a controlar a transmissão da covid-19 no estado.

ZAP //

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