Acabou o Mundial dos 70 km. Segue-se o Mundial dos 4.500 km

Matt Boulton / Wikimedia

BC Place, estádio no Canadá para o Mundial 2022

No Qatar os adeptos conseguiam facilmente ver vários jogos por dia. No Mundial 2026 a distribuição geográfica será bem diferente.

Vários aspectos (ou imensos aspectos) marcaram a diferença no Mundial 2022, que terminou neste domingo.

Um deles, e talvez o que foi maior surpresa para os adeptos, foi a distância entre os estádios.

Havia apenas oito estádios e estavam todos a menos de 70 quilómetros uns dos outros. Os adeptos conseguiam facilmente ver vários jogos por dia.

Como já tínhamos mencionado, só no primeiro Mundial, em 1930, houve uma distância menor entre os estádios – mas na altura só jogaram 13 selecções nacionais.

Desta vez havia 32 selecções e 24 delas ficaram hospedadas num diâmetro de 10 quilómetros.

Foi a primeira vez (novamente excluindo o Mundial 1930) em que os jogadores não precisaram de andar de avião para se deslocarem para os jogos. E cada selecção podia ficar no mesmo local de treinos durante todo o torneio.

Isso vai mudar no Mundial 2026. Vai mudar muito.

Recorde-se que a próxima edição do torneio vai ser realizada em três países. Um formato inédito (até agora só tinha havido uma organização conjunta, em 2002, entre Japão e Coreia do Sul).

Canadá, México e Estados Unidos da América serão os países anfitriões, daqui a menos de quatro anos.

De um país passamos para três países. 32 selecções passam a ser 48. De oito estádios passamos para 16.

E, como será fácil deduzir, até pelo tamanho dos três países (sobretudo os EUA), a distância entre estádios não será no máximo de 70 quilómetros.

A maioria das cidades anfitriãs (11) será nos EUA: Los Angeles, San Francisco, Seattle, Atlanta, Dallas, Houston, Kansas City, Boston, Miami, Nova Iorque e Philadelphia.

O México terá jogos em Guadalajara, Cidade do México e Monterrey. No Canadá vai jogar-se apenas em Vancouver e em Toronto.

Pegando só na distância máxima, entre o aeroporto de Vancouver e o aeroporto de Miami tem de se percorrer mais de 4.500 quilómetros. Mais de cinco horas no avião.

Isto pelo ar. Porque quem optar por uma viagem de carro vai percorrer 5.500 quilómetros entre o BC Place (Vancouver) e o Sun Life Stadium (Miami). E vai demorar…mais de dois dias.

É um recorde na história da competição. Nunca houve uma distância tão grande entre dois palcos. Supera por exemplo o Mundial 1994 – também nos EUA, as 46 horas entre Stanford e Foxborough – ou o Mundial 2018 – na Rússia, as 39h entre Kaliningrado e Yekaterinburgo.

Mesmo dentro dos EUA, como se sabe, a distância não é muito menor entre, por exemplo, os estádios de Seattle e Boston: 4 mil quilómetros de avião, quase 5 mil de carro (e 44 horas dentro do veículo).

Canadá será estreante em receber jogos de Mundial. México (1970 e 1986) e EUA (1994) serão repetentes.

Nuno Teixeira da Silva, ZAP //

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