Quem conduz no Ocidente sabe que tem dificuldades, mas quer resolver sozinho. Já os chineses têm uma postura diferente.
O estacionamento em paralelo é uma fonte comum de stress para condutores em todo o mundo, mas os motoristas ocidentais parecem relutantes em adotar sistemas automatizados concebidos para simplificar a tarefa.
Enquanto condutores nos EUA e na Europa permanecem céticos em relação às funcionalidades de estacionamento automático, os condutores chineses estão a aderir a estas inovações, refletindo mudanças mais amplas na adoção de tecnologias automóveis.
Os sistemas automatizados estão disponíveis há mais de uma década, mas a Ford anunciou já em 2024 que irá descontinuar o seu sistema “Enhanced Active Park Assist” – porque quase ninguém quer.
Na Europa, o desinteresse é semelhante, atribuído em parte às limitações dos sistemas de estacionamento automático mais antigos, que podem ser lentos e imprecisos, não superando consistentemente os condutores humanos.
Por outro lado, na China, as funcionalidades automatizadas são altamente populares, foca o Wired.
Empresas como a BYD e a XPeng investiram fortemente em tecnologias avançadas de estacionamento, aproveitando software sofisticado e sensores.
Demonstrações virais, como o veículo da IM Motors a deslizar lateralmente para um lugar de estacionamento, têm captado a atenção do público.
Estudos revelam que os consumidores chineses colocam o estacionamento automático entre as funcionalidades mais desejadas, refletindo o entusiasmo do país por tecnologia automóvel de ponta.
As autoridades chinesas apoiaram a indústria automóvel “caseira”, permitindo sistemas automatizados avançados nas estradas públicas, fomentando a confiança dos consumidores.
Por outro lado, os fabricantes ocidentais têm sido mais lentos a integrar soluções de software holísticas, frequentemente desenvolvendo funcionalidades como componentes independentes, com usabilidade limitada.
À medida que a tecnologia de estacionamento evolui, poderá tornar-se um campo de teste para a automação, onde velocidades mais baixas reduzem os riscos.
A recente funcionalidade “smart summon” da Tesla demonstra como estas inovações podem aumentar a conveniência, embora ainda exijam uma supervisão cuidadosa do condutor.
Para competir, os fabricantes ocidentais podem precisar de seguir o exemplo da China, priorizando uma automação perfeita e orientada para a resolução de problemas.
Até lá, os condutores no Ocidente parecem satisfeitos em estacionar como sempre estacionaram.
O mesmo artigo do Wired relata algo que muitos portugueses devem desconhecer: nos EUA, o estacionamento paralelo é uma raridade fora das grandes cidades. E, em pelo menos um terço dos 50 Estados, o exame de condução até já nem exige que o aluno saiba estacionar em paralelo.
Os sistemas automaticos são mais lentos e precisam de mais espaço. Não trazem nenhuma vantagem.
Quem sabe estacionar, sabe. Quem não sabe, procura lugares em “espinha”. Acaba sempre por ser mais rápido.