Esquerda radical e socialistas franceses anunciam acordo para as legislativas de junho

Christophe Petit Tesson / EPA

O movimento liderado por Mélenchon alcançou 22% dos votos nas eleições presidenciais de abril passado.

O movimento França Insubmissa (esquerda radical), de Jean-Luc Mélenchon, e o Partido Socialista anunciaram esta quarta-feira um acordo de base para as eleições legislativas de junho, texto que será submetido à aprovação interna dos socialistas franceses na quinta-feira.

O movimento liderado por Mélenchon, que foi candidato nas eleições presidenciais de abril passado e que alcançou cerca de 22% dos votos, já tinha anunciado um acordo com os comunistas e com os ecologistas franceses para criar uma frente política de esquerda nas legislativas de junho e tentar derrotar o Presidente Emmanuel Macron.

O acordo ontem anunciado estabelece os princípios de base entre os dois partidos, algo encarado como difícil devido a certas questões, como é o caso da ideia defendida pela esquerda radical de desobediência face aos tratados da União Europeia (UE), com os socialistas a defenderem na íntegra o projeto europeu.

O documento estabelece a repartição eleitoral dos 577 círculos eleitorais franceses, com 70 destes círculos a irem para o Partido Socialista que em 2017 conseguiu eleger 30 deputados.

No acordo adotado consta ainda o aumento do salário mínimo para 1.400 euros, a reforma aos 60 anos, o bloqueio dos preços dos bens de primeira necessidade e mesmo a revogação da reforma da lei do trabalho levada a cabo durante o mandato do Presidente socialista François Hollande (2012-2017).

Para o dossiê União Europeia (UE), os dois partidos concordaram que o objetivo comum é colocar um ponto final “no caminho liberal desta organização”.

O acordo com o movimento liderado por Mélenchon ainda vai ser submetido à aprovação do Conselho Nacional do Partido Socialista francês que se reúne na quinta-feira à noite.

Este é um acordo que não encontra consenso dentro do próprio partido, com muitos históricos como o antigo Presidente François Hollande, mas também o antigo primeiro-ministro Bernard Cazeneuve, assim como dezenas de eleitos locais, a pedirem uma avaliação mais aprofundada do documento.

No início desta semana, várias figuras socialistas lançaram uma petição a defender que o acordo com o movimento França Insubmissa devia ser alvo de um escrutínio maior e mais alargado.

Só depois da aprovação pelos órgãos socialistas é que esta chamada “geringonça” pré-eleitoral à francesa (já com luz verde do lado dos ecologistas e dos comunistas) pode ser dada como definitivamente concluída, num entendimento histórico nos últimos 20 anos da política francesa.

As eleições legislativas francesas decorrem em duas voltas, 12 e 19 de junho.

// Lusa

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.