À esquerda, o “poucochinho” também foi rei. BE e CDU tremem, mas seguram representação

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António Cotrim / Lusa

Catarina Martins e Mariana Mortágua a celebrar a eleição para o Parlamento Europeu

Apesar das previsões pessimistas, os partidos mais à esquerda conseguiram segurar a representação no Parlamento Europeu, com Bloco e CDU a elegerem um deputado. Já o Livre obteve uma grande subida, mas não chegou.

A famosa expressão de António Costa em 2014 está a provar ser um bom resumo de todos os resultados das eleições europeias. Se a AD desvalorizou a sua derrota por ser “por poucochinho”, esta palavra também reina na esquerda, com a CDU e o Bloco a elegerem um deputado “por poucochinho” e o Livre a ficar de fora também “por poucochinho”.

Na sede de campanha do Bloco de Esquerda, o clima esteve tenso quando as primeiras projecções não garantiram a eleição de Catarina Martins. O suspiro de alívio só surgiu mais de três horas depois, quando a própria confirmou que tinha sido eleita ainda antes de o resultado ser oficial.

Os bloquistas falharam assim o objectivo traçado pela coordenadora Mariana Mortágua durante a campanha eleitoral, que era o de manter os dois lugares no Parlamento Europeu, depois de em 2019 o BE ter sido a terceira força política e ter elegido Marisa Matias e José Gusmão.

Não só o BE não atingiu este objectivo como voltou a cair para quinta força, ultrapassada pelo Chega e a Iniciativa Liberal. Mesmo assim, Catarina Martins preferiu ver o lado positivo.

“Numas eleições que como sabíamos eram muito difíceis, e num momento complicado em toda a Europa, o BE mantém representação no Parlamento Europeu”, afirmou Catarina Martins, que promete usar o seu mandato para lutar contra a extrema-direita, que saiu reforçada em países como a Alemanha ou a França.

Mariana Mortágua justificou o clima de festa na sede da campanha. “O entusiamo é por causa disso, é vontade de fazer resistência e luta e uma enorme alegria de ter a Catarina Martins a fazê-la connosco”, afirmou.

CDU elege, mas tem pior resultado de sempre

Do lado da CDU, o cenário foi semelhante ao do BE. A aliança conseguiu eleger o cabeça de lista João Oliveira, apesar de as primeiras projecções serem incertas. No entanto, foi o pior resultado de sempre da coligação entre comunistas e verdes e será a primeira vez que a sua representação fica reduzida a apenas um deputado.

A CDU conseguiu manter a representação no Parlamento Europeu, o que foi motivo de festejo para a coligação, que considerou a eleição positiva num quadro de “condições adversas”, apesar de registar o pior resultado de sempre em europeias.

O secretário-geral do PCP, Paulo Raimundo, reconheceu que o resultado “não corresponde ao que é necessário”, mas manifestou-se “muito satisfeito“. “Estamos muito confiantes e satisfeitos como resultado que obtivemos. É um grande contributo para a nossa luta, para nosso povo e para os trabalhadores”, afirmou.

O cabeça de lista João Oliveira também saudou a “opção corajosa, contrariando o obscurantismo, o conformismo com que se procurava condicionar e aprisionar as consciências” dos eleitores da CDU.

“Não se deixaram condicionar pelo medo, pelos dogmas, sejam eles do neoliberalismo ou do militarismo, ou pela lógica da política de confrontação como única saída para as relações entre os povos”, disse.

Livre morre na praia

No Livre, o cenário foi o oposto dos outros dois partidos de esquerda. O partido registou uma grande subida e conseguiu o seu melhor resultado de sempre numas europeias, duplicando o número de votos face a 2019 — mas não foi suficiente para eleger Francisco Paupério, apesar de as primeiras projecções ainda terem dado alguma esperança.

Depois de conhecidos os resultados oficiais, o porta-voz do Livre assumiu a derrota e, apesar de sublinhar o crescimento em relação às anteriores eleições europeias, considerou ser uma “noite triste”.

“É o tipo de resultado que, em qualquer cenário normal, nos permitiria estar aqui a fazer a festa. Infelizmente não estamos. É uma noite em que o Livre perde as eleições e eu quero assumir essa derrota“, lamentou Rui Tavares.

Apesar da derrota, Rui Tavares e o cabeça de lista, Francisco Paupério, foram recebidos com efusivos aplausos no Teatro da Luz, em Lisboa, onde decorreu a noite eleitoral.

Francisco Paupério, que estava confiante na sua ida para Bruxelas, admitiu alguma tristeza, mas foi com otimismo que discursou perante dezenas de apoiantes e assegurou que “nada acaba aqui“, de olhos postos já nas próximas europeias, que deverão realizar-se em 2029.

“Se não foi desta vez, da próxima, temos a certeza, o Livre vai estar representado no Parlamento Europeu”, antecipou.

PAN falha eleição

A porta-voz do PAN, Inês de Sousa Real, considerou que o Parlamento Europeu “fica mais pobre” sem a representação do seu partido, depois de ter falhado a eleição de um eurodeputado na noite de domingo.

“O Parlamento Europeu ficou mais pobre sem a nossa representação, também sem a representação de forças ecologistas por toda a Europa, uma vez que os Verdes europeus desceram. Temos neste momento um grande desafio do ponto de vista democrático, que é lidar com a extrema-direita”, disse.

Sousa Real falava depois de o cabeça de lista do PAN às eleições europeias, Pedro Fidalgo Marques, ter admitido a derrota nas eleições para Parlamento Europeu, afirmando que o partido já tinha perdido o seu mandato em 2020, depois da renúncia de Francisco Guerreiro.

Sousa Real insistiu, depois de saber da ultrapassagem pelo ADN, que Joana Amaral Dias “estava praticamente no comentário político todos os dias e chegava a milhões de pessoas”.

“Ao PAN nunca lhe foi permitido ter espaço no comentário político, apesar de ser um partido político com representação parlamentar e com representação nas duas assembleias regionais, quer da Madeira, quer dos Açores, portanto, o nosso ponto de partida continua a não ser o mesmo. E o que é preocupante do ponto de vista democrático (…) é que estamos a falar de uma força que é negacionista da ciência. Enquanto força política do espetro democrático não podemos permitir ver o crescimento de forças políticas que são anti-direitos humanos”, acrescentou.

Adriana Peixoto, ZAP // Lusa

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3 Comments

  1. O PAN já se foi, o Livre bateu com o nariz na porta e o Bloco de Esquerda e o Comunista, na próxima irão fechar as portas! Assim vai a esquerda triste, como triste continua o PS. Aonde anda os quase 42% de eleitorado que Costa conseguiu na sua última eleição?! Com este líder (fugitivo de um governo e muito atabalhoado) o PS não terá hipóteses.

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  2. Nem deviam ter elegido um deputado…. Já que são anti-Europa, pro-putin e pro-islão. Não defendem os interesses nacionais.

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