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Casal de espiões russos fabricado no Brasil viveu em Portugal durante anos

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Yekaterina Leonidovna Danilova e Vladimir Aleksandrovich Danilov — ou, em Portugal, Manuel e Adriana Pereira

Dois espiões russos usaram documentos falsificados adquiridos no Brasil para viver em Portugal durante anos. O casal usou o Porto como base a partir da qual conduzia operações de espionagem em toda a Europa.

Uma investigação conduzida durante vários anos pelo The New York Times revela que a Rússia usou o Brasil como plataforma de lançamento para espiões de elite, a que dão o nome de “ilegais“.

De acordo com a reportagem do NYT, estes espiões abandonam o seu passado russo e iniciam uma vida nova no Brasil — onde abrem negócios, criam amizades, e mantêm casos amorosos — acontecimentos que, ao longo de muitos anos, se tornaram os alicerces de identidades completamente novas.

Até agora, nada de muito diferente das inúmeras operações de espionagem russas com espiões infiltrados que foram sendo desmascarados, em particular nos Estados Unidos e Reino Unido. Mas esta fábrica de espiões em larga escala é diferente.

O objetivo não é espiar o Brasil, mas tornar-se brasileiro. Ao fim de alguns anos,  camuflados com histórias de fachada credíveis, estes espiões partem para os Estados Unidos, Médio Oriente, ou Europa  — onde começam “a trabalhar a sério”.

Durante os últimos três anos, agentes de contraespionagem brasileiros estiveram a caçar estes espiões de forma silenciosa e metódica. Através de um minucioso trabalho policial, os agentes descobriram um padrão que lhes permitiu identificar os espiões, um por um.

Foi desta forma que apanharam Manuel e Adriana Pereira.

Assim se apresentava em Portugal um casal de espiões russos, na casa dos 30 anos, cujos verdadeiros nomes eram na verdade Vladimir Aleksandrovich Danilov e Yekaterina Leonidovna Danilova.

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Seis dos espiões russos apanhados pela contraespionagem brasileira: Yekaterina Leonidovna Danilova, Vladimir Aleksandrovich Danilov, Olga Igorevna Tyutereva, Aleksandr Andreyevich Utekhin, Irina Alekseyevna Antonova e Roman Olegovich Koval.

Os dois espiões entraram em Portugal em 2018, provenientes do Brasil, sob os nomes de Manuel Francisco Steinbruck Pereira e Adriana Carolina Costa Silva Pereira, diz o New York Times.

Segundo o jornal Sol, Vladimir utilizou um passaporte brasileiro e forneceu às autoridades documentação que mostrava que o seu pai era um cidadão português, o que lhe permitiu obter cidadania portuguesa. Yekaterina, que não solicitou cidadania, obteve autorização de residência no nosso país.

Estas credenciais permitiram aos espiões moverem-se livremente nos 27 estados-membros da União Europeia sem restrições.

Há cerca de três anos, o SIS foi alertado pelas suas congéneres internacionais para a presença dos dois espiões em Portugal, e iniciou uma investigação às suas atividades.

A investigação da agência de inteligência portuguesa revelou que os Danilovs conduziram várias operações de espionagem usando o Porto como base operacional, a partir da qual viajaram para vários países usando os seus passaportes brasileiros e portugueses.

Após estas viagens, o casal regressou sempre à sua casa no Porto sem encontrar quaisquer problemas, relata o Sol. Entretanto, depois da sua última viagem, os dois espiões não mais regressaram, e o seu paradeiro atual é desconhecido.

Nos livros de Ian Fleming, Lisboa e Cascais fervilham de espiões e agentes secretos, sempre muito ocupados com as suas inconfessáveis atividades. Os espiões do Estoril serviram, aliás, de inspiração a Casino Royale.

Aparentemente, os espiões dos nossos tempos preferem o Porto.

ZAP //

7 Comments

  1. Tornam-se brasileiros e facilmente entram em Importugales, curiosidade durante o período de António Costa… quantos então não terão entrado quando surgiu a Manifestação de Interesse

    • Deixe lá que quando o encardido do parque das nações tomar conta do rectângulo o amigo da amiga francesa vai ser dos primeiros a dar os parabéns ao refluxado

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