A experiência pretendia descobrir os efeitos da microgravidade no esperma humano. Os resultados não são promissores.
Com as alterações climáticas a afetar a habitabilidade do planeta a aposta na exploração espacial, a possibilidade de os humanos formarem colónias além da Terra parece mais próxima do que nunca.
Esta mudança poderá levantar questões importantes sobre a reprodução humana no espaço, uma área que permanece largamente inexplorada, particularmente em condições de microgravidade. Um estudo recente publicado na revista Ata Astronautica abordou este tema, explorando a forma como a microgravidade afeta o esperma humano.
O estudo refere que, enquanto cresce o interesse pelas viagens espaciais de longa duração e pelo turismo, a investigação sobre o impacto da microgravidade na reprodução humana tem ficado para trás devido a restrições técnicas e éticas.
A recolha de dados é um desafio: não é viável recolher amostras de esperma diretamente na Estação Espacial Internacional (ISS) nem é apropriado envolver os astronautas nesses estudos. Numa solução criativa, a equipa de investigação por detrás do estudo utilizou voos parabólicos, também conhecidos como “cometas do vómito”, para imitar a microgravidade durante curtos períodos.
Embora os voos parabólicos introduzam breves janelas de ausência de peso, são seguidos por períodos de “hipergravidade” à medida que a aeronave sobe e desce. Embora estas condições não sejam as ideais para uma simulação de microgravidade a longo prazo, oferecem um método económico e acessível para uma investigação preliminar, escreve o IFLScience.
A equipa recolheu e analisou amostras de esperma de 15 voluntários antes do voo e dividiu-as em dois grupos: um permaneceu em terra como controlo, enquanto o outro experimentou a microgravidade em voo. As amostras no ar foram fixadas de forma segura aos assentos e monitorizadas com acelerómetros sensíveis para garantir que estavam expostas a um mínimo de interferência durante as manobras.
Depois de devolverem as amostras ao laboratório para análise após o voo, os investigadores observaram uma diminuição significativa da motilidade e da vitalidade do esperma exposto à microgravidade. Este declínio pode indicar potenciais problemas para a reprodução humana no espaço, particularmente em missões espaciais de longa duração ou em futuras colónias.
A equipa observou que o mecanismo exato que causa a redução da motilidade permanece desconhecido e sugere mais estudos para compreender os efeitos da exposição prolongada à microgravidade.