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A esperança de vida natural do Homem é surpreendentemente baixa

Os denisovanos e os neandertais, duas espécies já extintas muito próximas dos humanos modernos, tinham uma esperança natural de vida de 37,8 anos.

Esta é a conclusão de uma nova investigação que calculou a longevidade de diferentes espécies através da análise do seu ADN. Na prática, a esperança média de vida dos animais está escrita no seu próprio ADN.

Partindo dos valores obtidos para denisovanos e os neandertais, explicou Benjamin Mayne, um dos autores da investigação, em declarações ao portal The Conversation, a equipa conseguiu também estimar a esperança de vida natural do Homem. São 38 anos, valor próximo dos seus “primos” já extintos.

Atualmente, frisou o investigador, a esperança média de vida do Homem é bem mais elevada graças às melhorias no estilo de vida e ao avanços na medicina.

Para conseguir calcular as taxas, a equipa de cientistas australianos da Organização de Investigação Científica e Industrial da Commonwealth (CSIRO) recorreu à Inteligência Artificial (IA). Os cientistas desenvolveram um modelo que usa o “relógio genético” para estimar quanto tempo é que diferentes vertebrados tendem a viver, sejam as espécies em estudo vivas ou já extintas, conta o portal New Scientist.

Depois, os cientistas treinaram a IA com genomas (sequências completos de ADN) conhecidos de 252 espécies de cinco animais, incluindo mamíferos, répteis e peixes.

Depois, a Inteligência Artificial reduziu quase 30.000 regiões de ADN relacionadas com a esperança média de vida para 42 genes específicos.

A partir deste número mais reduzido de genes, os cientistas conseguiram estimar a esperança média de vida de vários animais através da metilação de ADN, um processo de alteração do material genético associado ao envelhecimento e à esperança média de vida de espécies, explicou Benjamin Mayne.

CSIRO

As taxas calculadas

Os cientistas concluíram que a esperança natural de vida dos denisovanos e dos neandertais era de cerca de 38 anos, enquanto o mamute-lanoso, que viveu há milhões de anos no norte do planeta, poderia viver durante cerca de 60 anos.

A IA apontou também que as tartarugas gigantes da Ilha de Pinta, no Oceano Pacífico, podem viver até aos 120 anos. George Solitário, o último exemplar conhecido da espécie Chelonidis abingdonii, viveu mais de 100 anos.

Os cientistas descobriram ainda que a baleia da Gronelândia, considerado o mamífero com maior esperança média de vida da Terra, pode viver até aos 268 anos. O espécime de baleia da Gronelândia com maior esperança de vida até agora conhecido durou 112 anos, longe da taxa agora apresentada. Contudo, importa frisar, o estudo não tem em conta fatores externos, como é o caso da existência de predadores.

“É incrível pensar que existe um animal que vive quase três séculos e poderia estar vivo quando o capitão Cook chegou à Austrália”, disse Mayne, citado pelo jornal Daily Mail.

Conhecer a esperança de vida natural dos animais, especialmente aqueles que enfrentam risco de extinção, é essencial para conservar a vida selvagem, apontam os cientistas no estudo, cujos resultados foram recentemente publicados na Scientific Reports.

ZAP //

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