Os números que foram revelados nesta semana pelo Portal da Queixa, refletem um crescimento significativo de reclamações.
“As queixas dispararam 88% face ao período compreendido entre 5 de maio de 2018 e novembro de 2018. Os dois períodos em análise mantêm em comum o principal motivo das reclamações: os atrasos na atribuição das reformas“, divulga o portal numa nota de imprensa.
“No Portal da Queixa, a relação dos utilizadores, enquanto cidadãos, com os organismos públicos, adquire uma importância acrescida face à sua relação com marcas privadas, tendo em conta que devem ser estes, os organismos públicos, a prestar um serviço de acordo com os padrões de qualidade exigidos e assumirem o referencial de confiança”, considera Pedro Lourenço, CEO do Portal da Queixa, ao Diário de Notícias.
“Por essa razão, têm sido inúmeras as entidades e os organismos do Estado que passaram a interagir com os cidadãos através do Portal da Queixa, possibilitando uma relação de proximidade e fomentando a literacia digital, ao mesmo tempo que demonstram publicamente a sua capacidade de resolução de problemas, garantindo a eficácia e reduzindo a inércia muitas vezes apontada como principal handicap do serviço público”, sublinha o responsável.
Para além da subida do número de reclamações, o Portal da Queixa detetou – através dos casos reportados na plataforma – “que há pessoas a aguardar uma resposta do CNP há, praticamente, três anos“.
Para completar este quadro pouco abonatório para aquele organismo do Estado, há ainda outro dado: a página do CNP no Portal da Queixa reflete a falta de resposta entre a marca/serviço e o consumidor, uma vez que aquela entidade pública “apresenta um Índice de Satisfação de 9,3 em cem e apresenta uma taxa de solução e resposta de apenas 7,9%, alusiva aos últimos 12 meses”.
Entre as reclamações apresentadas fica evidente a indignação pela longa espera por uma resposta ou resolução do problema, no que respeita à questão das reformas.
No último debate quinzenal do Parlamento, na semana passada, o primeiro-ministro voltou a ser confrontado com os atrasos no pagamento das pensões, alegadamente por causa da falta de funcionários nos serviços. António Costa deu a mesma resposta: “há uma carência enorme de recursos humanos na Segurança Social“, atirando a culpa para o anterior governo, da coligação PSD/CDS.
“Retirámos da mobilidade 600 funcionários que aí tinham sido colocados na legislatura anterior, abrimos um novo concurso para 155 técnicos e reforçámos a capacidade, quer por prestadores de serviços, quer através da mobilidade interna, quer por via do PREVPAP”, justificou, acrescentando que “a previsão que temos é que até ao final deste semestre tenhamos resolvido as situações de atraso”.
Os últimos dados revelados pelo Instituto da Segurança Social, em final de fevereiro, apontavam para 57 mil pedidos de reforma à espera de resposta. Entretanto, no ano passado a Provedoria de Justiça recebeu 920 queixas de atrasos na atribuição das pensões, um número que é três vezes mais do que as participações apresentadas em 2017.
Os utentes queixavam-se de estar à espera há nove ou dez meses por uma resposta, muito acima dos 90 dias previstos. Em alguns casos, o pedido estava pendente há mais de um ano.