Cientistas identificaram duas novas espécies da salamandra-gigante-da-china, sendo que uma delas pode ser afinal o maior anfíbio do mundo.
Até agora, pensava-se que a salamandra-gigante-da-china — Andrias davidianus — era uma única espécie e, por isso, o maior anfíbio do mundo. Mas agora, avança o IFLScience, investigadores da Sociedade Zoológica de Londres (ZSL) e do Museu de História Natural de Londres descobriram que, afinal, há três espécies distintas.
Os cientistas, cujo estudo foi publicado na revista científica Ecology and Evolution, consideram que as três espécies são geneticamente distintas devido a uma questão geográfica: além da A. davidianus, identificaram também a Andrias sligoi, proveniente do sul da China, e uma espécie que ainda não foi batizada proveniente das montanhas Huangshan, no leste do país.
A primeira evidência que apontava para o facto de haver mais do que uma espécie foi apresentada em 1920, quando uma incomum salamandra do sul da China foi trazida para o jardim zoológico de Londres.
“A descrição original da Megalobatrachus sligoi foi feita antes de aparecer a genética que, desde então, nos deu uma poderosa ferramenta alternativa para entender as relações entre diferentes populações de animais”, declara ao site o professor Samuel Turvey, autor do artigo e investigador do Instituto de Zoologia da ZSL.
“Na época em que a sligoi foi identificada, havia também uma confusão sobre se as salamandras-gigantes japonesas e chinesas eram distintas entre si, logo os personagens originalmente usados para ‘distinguir’ os sligoi eram em grande parte aqueles que separavam os animais chineses dos japoneses. Como tal, assumiu-se mais tarde que os sligoi provavelmente eram semelhantes a outras salamandras-gigantes da China”.
Ao analisar o ADN de 17 exemplares de salamandra-gigante-da-china do início do século XX (incluindo a salamandra “incomum” que viveu no zoo londrino durante 20 anos), a equipa confirmou que se tratava de uma nova espécie: A. sligoi.
Os autores do estudo revelam que todas divergiam de um ancestral comum com uma idade compreendida entre há 3,1 e 2,4 milhões de anos, depois de já se ter separado da salamandra gigante japonesa. Cada uma foi então separada por distribuição geográfica.
Com esta nova classificação, os investigadores aperceberam-se que também tinham de repensar o título de “maior anfíbio do mundo”, anteriormente atribuído à A. davidianus.
“O animal com 1,8 metros de comprimento capturado em 1920 é a maior salamandra-gigante conhecida da China, e historicamente tem sido interpretado como um espécime de A. davidianus porque todos os animais chineses foram pensados para representar essa espécie. Porém, este enorme animal é, na verdade, um indivíduo potencial da espécie sligoi, com base na localização geográfica (foi capturado no sul da China)”, explica Turvey.
Atualmente, a A. davidianus é uma espécie ameaçada, por isso, a equipa de investigadores considera ser crucial que as duas novas espécies também estejam na mesma lista.
“Esperamos que estes resultados levem à proteção legal individual de cada espécie e aos esforços de conservação adaptados às suas necessidades individuais”, afirma ao IFLScience Melissa Marr, co-autora do estudo e investigadora do Museu de História Natural.