Os cientistas identificaram mais uma espécie de dinossauro que pode ter gatinhado antes de andar, tal como acontece quando somos bebés.
De acordo com o Science Alert, o dinossauro em causa pertence ao grupo dos Saurópodes, chama-se Mussaurus patagonicus e viveu há cerca de 200 milhões de anos, naquilo que agora podemos chamar de Argentina.
A nova investigação, publicada em maio na revista científica Scientific Reports, sugere que o crescimento dramático nos primeiros anos de vida pode ter levado a uma mudança na forma como se movimentava.
Estas descobertas baseiam-se nas reconstruções 3D feitas a partir de fósseis que demonstram três estágios cruciais na vida destes dinossauros – cria, um ano de idade e fase adulta – e que permitiram aos cientistas descobrir onde o seu centro de massa corporal estaria ao longo da vida.
“Temo-nos esforçado para encontrar outros animais, para além dos humanos, que passam por esta transição. Descobri-lo nestes fósseis é excecional”, afirma Andrew Cuff, paleontólogo da Universidade de Londres ao Science News.
Uma cria do M. patagonicus teria cabido na palma da nossa mão e pesava cerca de 60 gramas. Nesta fase, os cientistas afirmam que o animal teria uma cabeça e um pescoço relativamente grandes, assim como antebraços bem desenvolvidos, que usava para se movimentar com as quatro patas.
À medida que crescia e ficava com uma cauda mais longa, o centro gravitacional do dinossauro terá mudado para a zona pélvica, permitindo-lhe ficar em pé só com duas. Na fase adulta, esta espécie já teria cerca de seis metros e pesava cerca de mil quilos.
“Não sabemos se este padrão se aplica a todos os Saurópodes. Mas a verdade é que este grupo de animais alterou os seus movimentos de uma forma tão semelhante à dos humanos que é fascinante”, diz o paleontólogo do Museu de La Plata e autor principal do estudo, Alejandro Otero, à National Geographic.
Os investigadores também consideram que os seus modelos sugerem que a longitude da cauda e do pescoço é mais importante quando se trata de descobrir se os dinossauros andavam de pé – talvez mais importante do que o equilíbrio entre o comprimento da pata traseira e dianteira, que os especialistas usaram como linha de orientação até agora.
A maioria destes Saurópodes nunca chegaram à fase de andar em pé e provavelmente andaram toda a vida em quatro patas para conseguir suportar o peso da sua massa corporal. Pensa-se que algumas das exceções tenham sido o Maiassauro, o Iguanodon, o Psitacossauro, o Driossauro e o Massospondylus.
Ter acesso a fósseis suficientes que consigam representar tão bem a vida de um dinossauro é raro, tanto que, no caso deste Mussaurus patagonicus, foram precisos cerca de 50 anos para o conseguir.
“São raros os dinossauros para os quais temos uma boa série de fósseis, desde os ovos ou crias até adultos, e o Mussaurus foi um desses casos, o que nos abriu portas a algumas questões muito interessantes que não eram viáveis há 20 anos”, diz John Hutchinson, um dos investigadores da equipa.