A espada enterrada ao lado do Faraó Tutankamon foi feita a partir de um fragmento de um meteorito, descobriu de um grupo de investigadores, que até conseguiu determinar o meteorito exacto que compõe a lâmina do artefacto encontrado no sarcófago do jovem rei, que morreu com 18 anos.
A equipa de investigadores, composta por cientistas do Instituto Politécnico de Milão e da Universidade de Pisa, em Itália, em colaboração com elementos do Museu Egípcio do Cairo, no Egipto, recorreu a uma tecnologia moderna conhecida como espectrometria de fluorescência de raios-X para analisar a espada.
A equipa conseguiu concluir que o ferro da lâmina contém uma elevada percentagem de níquel, bem como outros materiais tipicamente encontrados nos meteoritos metálicos, conforme relevam no artigo publicado no jornal científico Meteoritics and Planetary Science.
“O ferro meteórico é claramente indicado pela presença de uma alta percentagem de níquel”, refere a líder da investigação, Daniela Comelli, do Departamento de Física do Instituto Politécnico de Milão, em declarações ao Discovery News citadas pelo Seeker.
A maioria dos objectos feitos de ferro contém cerca de 4% de níquel, no máximo, enquanto a espada de Tutankamon contém “quase 11% de níquel”, sublinha-se naquela publicação do grupo Discovery Communications.
E, além do ferro, os investigadores ainda detectaram vestígios de cobalto, outro elemento químico também presente nos meteoritos metálicos.
“A proporção de níquel e de cobalto na lâmina da espada é consistente com os meteoritos ferrosos que preservaram a rácio de condritos primitivos, durante a diferenciação planetária no início do Sistema Solar”, afiança Daniela Comelli. Os condritos são os meteoritos mais comuns, contendo vestígios da nuvem de gás que deu origem ao sistema solar, com os planetas e o Sol.
Os investigadores conseguiram também concluir qual o meteorito que deu origem à lâmina do artefacto enterrado com o jovem faraó.
“Tivemos em consideração todos os meteoritos dentro de uma área de 2.000 quilómetros de um raio centrado no Mar Vermelho e acabámos com 20 meteoritos ferrosos”, diz Daniela Comelli.
“Apenas um, chamado Kharga, acabou por ter componentes de níquel e de cobalto possivelmente consistentes com a composição da lâmina”, salienta a investigadora.
Fragmentos do meteorito Kharga foram encontrados, em 2000, num planalto de calcário em Mersa Matruh, uma localidade da costa do Egipto.
Esta surpreendente descoberta sugere que os meteoritos teriam grande valor para os antigos egípcios e seriam, possivelmente, vistos como alguma espécie de mensagem divina, conforme constatam os investigadores.
“Seria muito interessante analisar melhor os artefactos pré-Idade do Ferro, tal como outros objectos de ferro encontrados no túmulo do rei Tut. Ganharíamos conhecimentos preciosos sobre as tecnologias de trabalho do metal no antigo Egipto e no Mediterrâneo”, constata ainda Daniela Comelli.
Além da espada, o colar, com um amuleto em forma de escaravelho, com que Tutankamon foi sepultado, é feito de vidro de sílica que terá sido originado pelo impacto de um outro meteorito ou de um cometa, no deserto da Líbia.
Isto quer dizer que os antigos egípcios terão percorrido mais de 800 quilómetros deserto adentro para conseguirem recolher este tipo de vidro natural raro.
SV, ZAP