Um novo estudo expande a teoria de Freeman Dyson e propõe a criação de esferas de Dyson à volta de buracos negros.
É a eterna questão que atormenta a Humanidade: será que estamos sozinhos do universo? Se não estamos, como será a tecnologia dos extraterrestres e como a podemos detectar?
Um estudo que vai ser publicado em Setembro na revista científica Monthly Notices of the Royal Astronomical Society encontrou as respostas a estas inquietações – pelo menos se a tecnologia em questão for um enorme gerador de energia, como uma esfera de Dyson – uma estrutura gigante que envolve um buraco negro e aproveita a sua energia.
O conceito das esferas de Dyson foi popularizado pelo físico Freeman Dyson nos anos 60 e é uma solução para um hipotético consumo energético que exceda as capacidades do planeta onde viva uma civilização. A esfera seria construída à volta da estrela desse sistema planetário e acumularia a sua energia.
Dyson propôs que as emissões de energia térmica de infravermelhos poderiam escapar quando a estrutura capturasse e convertesse energia estelar, o que poderia revelar a possível existência de outras criaturas. Esta assinatura de infravermelhos, caso detectada, iria dar-nos a oportunidade de encontrar civilizações extraterrestres.
A equipa do astrónomo Tiger Yu-Yang Hsiao, da Universidade Nacional Tsing Hua em Taiwan, decidiu levar este conceito um passo mais à frente – e se a esfera de Dyson fosse colocada à volta de um buraco negro em vez de uma estrela?
“Neste estudo, consideramos qual é a fonte de energia de uma civilização bem desenvolvida, do tipo II ou III. Eles precisariam de uma fonte mais forte do que da sua própria versão do Sol”, escrevem os investigadores, referindo-se à escala de Kardashev, que mede o nível de desenvolvimento tecnológico das civilizações tendo em conta a quantidade de energia que são capazes de usar.
Um disco de acreção – estrutura formada por materiais difusos em movimento orbital ao redor de um corpo central – ou jactos relativistas poderiam ser fontes para uma civilização tipo II.
“Os nossos resultados sugerem que para um buraco negro estelar, mesmo com um limite de Eddington baixo, o disco de acreção forneceria centenas de vezes mais luminosidade do que uma estrela de sequência principal”, refere o estudo.
Os buracos negros são conhecidos pelos seus campos de gravidade poderosos que sugam tudo na sua proximidade, por isso impõe-se a questão sobre se seria possível instalar uma esfera de Dyson à sua volta.
Os investigadores propõem soluções para este problema: um disco de acreção de material à volta do buraco negro, aquecido pela fricção até aos milhões de graus; ou a radiação Hawking, a radiação térmica que se acredita ser emitida por buracos negros devido a efeitos quânticos.
“A luminosidade mais alta pode ser recolhida de um disco de acreção, até 100 mil vezes a luminosidade do Sol, suficiente para manter uma civilização tipo II. Além disso, se uma esfera de Dyson recolhe não só a radiação electromagnética mas também outros tipos de energia, o total de energia recolhido será aproximadamente cinco vezes maior“, lê-se no estudo.
Estas estructuras seriam detectáveis através de vários comprimentos de onda, com as esferas mais quentes a serem visíveis na variedade ultravioleta, enquanto as mais frias seriam visíveis em infravermelhos.
No entanto, visto que os buracos negros já emitem muita radiação em ambos estes comprimentos de onda, detectar uma esfera de Dyson é ainda uma hipótese muito desafiante.