Como é que as escutas a Medina chegaram à TVI? MP debaixo de fogo após 7 anos de investigação

2

Tiago Petinga / Lusa

Fernando Medina

“É trabalhar para a prescrição”. É deste modo que Ana Gomes aborda a revelação das escutas da “Operação Tutti Frutti” pela TVI/CNN Portugal, criticando o modo como chegaram aos jornalistas.

A investigação do Ministério Público (MP) decorre há sete anos, mas ainda não foram constituídos arguidos.

O processo continua em Segredo de Justiça e, por isso, questiona-se como é que a informação do processo chegou à TVI/CNN Portugal, canais do mesmo grupo que têm divulgado várias reportagens com as escutas realizadas e que implicam pessoas como Fernando Medina e Duarte Cordeiro, actualmente ministros do Governo.

A investigação está a ser “arrastada há uma série de anos, sem constituir arguidos“, começa por notar Ana Gomes na sua análise, como comentadora política, na SIC Notícias.

“Como é que é possível” de repente ser lançada “esta informação para a praça pública”, questiona a ex-diplomata.

“É trabalhar para a prescrição”, considera ainda Ana Gomes.

“Tribunais populares agora são as redacções”

O deputado do PSD Carlos Eduardo Reis, um dos principais visados nas reportagens da TVI, já veio criticar as peças jornalísticas, considerando que são “incompetentes, mentirosas e mal trabalhadas”.

“Isto é Tutti Frutti sobre Tutti Quanti e o que pode sair é uma maçã descascada“, lamenta ainda o deputado do PSD, revelando que vai processar o jornalista Henrique Machado, coordenador da investigação jornalística, bem como a TVI/CNN Portugal.

Carlos Eduardo Reis diz que está “há cinco anos à espera de ser ouvido” pelas autoridades, o que diz nunca ter acontecido.

Assim, lamenta que a justiça que devia ser feita em tribunal, tenha dado lugar aos “tribunais populares que agora são as redacções”.

“Em vez de se preocupar com a mensagem, está preocupado com o mensageiro“, lamenta, por seu turno, Henrique Machado em declarações à TVI.

O jornalista da TVI assegura que a investigação do canal “é fiel ao processo” a que teve acesso. “Não nos pode acusar de descontextualizarmos uma coisa que está ipsis verbis” o que consta no processo do MP, assegura ainda Henrique Machado.

Já quanto ao conteúdo revelado pelas reportagens, Ana Gomes considera que é “grave”. A política socialista diz que a “preocupa” o “Estado de Direito, pela perversão da democracia que este tipo de alegações envolve, de captura do Estado a nível das autarquias”.

A “Operação Tutti Frutti” arrancou em 2016, depois de denúncias anónimas sobre a contratação da empresa Ambigold que tem como sócio-gerente Carlos Eduardo Reis.

Em causa estão alegados favorecimentos de dirigentes políticos a militantes do PSD e do PS, com o envolvimento de Juntas de Freguesia de Lisboa e de várias Câmaras Municipais, e a distribuição de cargos fictícios.

Os ministros Fernando Medina e Duarte Cordeiro, antigos responsáveis pela Câmara Municipal de Lisboa, são envolvidos no alegado esquema, tal como o ex-deputado social-democrata Sérgio Azevedo.

Susana Valente, ZAP //

2 Comments

  1. Mas esta Ana Gomes não é a mesma que fez obras na vivenda sem autorização e que agora foi obrigada a retirar a piscina que tinha construido clandestinamente?

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.