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Escultura com 51 mil anos sugere que os Neandertais também eram artistas

(dr) V. Minkus / Leder et al., Nat. Ecol. Evol., 2021

Escultura feita, há mais de 50 mil anos, a partir de um osso de um alce-gigante

Os Neandertais costumam ser retratados como “homens das cavernas”, mas a descoberta de uma figura feita a partir de um osso de alce mostra que já criavam obras de arte há mais de 50 mil anos.

De acordo com o site IFLScience, esta figura, esculpida a partir do osso de um dedo de um alce-gigante (Megaloceros giganteus), foi descoberta na entrada da antiga caverna de Einhornhöhle, no norte da Alemanha. A datação por radiocarbono revelou que foi feita há pelo menos 51 mil anos.

O osso apresenta apenas uma série de incisões retas mas, segundo a análise feita ao artefacto, terá sido primeiro fervido (para que amolecesse) antes de ser esculpido.

Os investigadores, responsáveis pelo estudo publicado esta segunda-feira na revista científica Nature Ecology & Evolution, notam também que estes alces-gigantes eram raros a norte dos Alpes nesta altura, o que pode indicar que o objeto em questão tinha algum significado especial.

Tal como relembra o mesmo site, apesar de se supor que os Neandertais não tinham as habilidades cognitivas necessárias para realizar tais proezas, várias descobertas nas últimas décadas mostraram que esse retrato pode não ser assim tão preciso.

Anteriormente, investigadores já descobriram um colar de garras de águia com 40 mil anos e dezenas de pinturas rupestres com mais de 64 mil anos.

Num artigo de opinião que acompanha o estudo, Silvia Bello, do Museu de História Natural de Londres, explica que, “dada a troca inicial de genes, não podemos excluir uma troca de conhecimento semelhante entre humanos modernos e populações de Neandertais, que pode ter influenciado a produção do artefacto de Einhornhöhle”.

“A possibilidade de um conhecimento adquirido do homem moderno não subestima, na minha opinião, as capacidades cognitivas dos Neandertais. Pelo contrário, a capacidade de aprender, integrar a inovação na própria cultura e adaptar-se às novas tecnologias e conceitos abstratos devem ser reconhecidos como um elemento de complexidade comportamental”, escreveu ainda.

ZAP //

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