A escritora portuguesa Hélia Correia é a vencedora do Prémio Camões 2015.
Hélia Correia, nascida em Lisboa em 1949, autora de romance, novela e conto, mas também de poesia e teatro, receberá um prémio monetário de 100 mil euros. A escritora é licenciada em Filologia Românica e destaca-se sobretudo como ficcionista, com as obras “Lillias Fraser”, “A casa eterna”, “Adoecer” e “Bastardia”.
Este ano, a obra “Vinte Degraus e Outros Contos” valeu-lhe o Grande Prémio de Conto Camilo Castelo Branco, que lhe foi entregue na passada segunda-feira.
A escolha de Hélia Correia para a 27ª edição do Prémio Camões foi por unanimidade e feita esta quarta-feira, numa reunião do júri, que contou com Rita Marnoto, professora na Universidade de Coimbra, Pedro Mexia, crítico literário e escritor, Inocência Mata, professora nas universidades de Lisboa e de Macau, e pelos escritores Affonso Romano de Sant’Anna, António Carlos Secchin e Mia Couto.
O Prémio Camões, anunciado no Rio de Janeiro, Brasil, foi instituído por Portugal e pelo Brasil em 1989 como forma de reconhecer autores “cuja obra contribua para a projeção e reconhecimento da literatura de língua portuguesa em todo o mundo”, sustenta a organização.
O primeiro distinguido, em 1989, foi o escritor português Miguel Torga. Em 2014, o Prémio Camões foi atribuído ao historiador e ensaísta brasileiro Alberto da Costa e Silva.
O anterior autor português a receber o Prémio Camões foi Manuel António Pina, em 2011.
“Lillias Fraser” é o grande romance português moderno
A escritora Maria Teresa Horta, que publicou os primeiros textos da autora premiada, considera que Hélia Correia”é uma grande romancista portuguesa. Até que enfim que lhe atribuem o prémio”.
“É uma grande romancista, uma excelente ficcionista e ‘Lillias Fraser’ é o grande romance português moderno“, disse Maria Teresa Horta, sublinhando o mérito na atribuição do Prémio Camões a Hélia Correia.
Maria Teresa Horta recordou que foi a primeira pessoa a publicar obra de Hélia Correia, entre finais da década de 1960 e inícios de 1970, no suplemento “Literatura e Artes”, que dirigia no vespertino A Capital.
“Eram três ficções poéticas pequeninas. E quando ela publicou ‘O separar das águas‘ (1981) e comecei a ler, percebi que aquela escrita estava lá”, disse.
“Somos muito amigas, mas isso não tem nada a ver com o mérito do prémio”, que deverá dar mais visibilidade à obra da autora, disse.
“Como nunca querem saber da literatura para coisa nenhuma, só tem visibilidade quando se recebem prémios. E com a Hélia é sobretudo a escrita que ela faz. É um traço único. É a pujança da língua portuguesa. O ‘Lillias Frazer’ é uma coisa de tirar o fôlego. E ela é minha madrinha, por me ter emprestado a personagem para o meu romance ‘As luzes de Leonor'”, contou Maria Teresa Horta.
/Lusa