O Banco Central Europeu (BCE) desceu a taxa de depósito da Zona Euro e aplicou-lhe um tiering (escalões). Esta decisão deverá representar uma poupança anual em torno dos 43 milhões de euros para os bancos nacionais.
A 12 de setembro, o conselho de governadores de bancos centrais aprovou um novo pacote de estímulos monetários com o intuito de resgatar a Zona Euro da situação em que se encontra. Além de relançar o programa de compra de ativos, o BCE decidiu baixar a taxa de depósito, dos -0,4% para um novo mínimo histórico de -0,5%.
Podia ser uma má notícias, mas não é. Para mitigar o impacto sobre a banca, foi introduzido um sistema de dois níveis que possibilita que uma parte do excesso de liquidez do setor – dinheiro que os bancos não estão a conseguir emprestar à economia – fique a salvo deste custo.
Atualmente, o BCE aplica uma taxa de -0,4% ao excesso das reservas dos bancos da Zona Euro, isto é, sobre todo o montante que vai além das reservas mínimas exigidas pelas regras do setor. Agora, com o novo modelo que entra em vigor a 30 de outubro, o montante correspondente até seis vezes as reservas mínimas obrigatórias dos bancos fica liberto do pagamento da nova taxa de depósito de -0,5%.
Segundo o Eco, só os valores acima desse patamar são taxados.
Luis de Guindos, vice-presidente do BCE, revelou há alguns dias que os bancos da Zona Euros “teriam algum alívio face aos juros negativos”, antecipando-lhes poupanças de quatro mil milhões de euros por ano.
Em relação a Portugal, ainda que não seja pública a expectativa sobre o impacto desta medida, alguns cálculos apontam para poupanças que poderão chegar aos 43 milhões de euros. De acordo com o matutino, foi possível chegar a este valor através da comparação entre o valor das reservas mínimas dos bancos nacionais e o dos respetivos depósitos junto do banco central.
O último Relatório de Implementação de Política Monetária do Banco de Portugal indica que as reservas mínimas dos bancos registaram “variações marginais”, no ano passado, sendo que ascendiam a cerca de dois mil milhões de euros no final desse ano. O total dos depósitos ascendia a quase 17 mil milhões de euros.
Assumindo a manutenção destes níveis, significa que no modelo ainda em vigor os encargos para os bancos nacionais de esses 17 mil milhões de euros aparcados junto do BCE totalizam 68 milhões de euros.
No novo modelo, a multiplicação por seis do valor das reservas mínimas dos bancos nacionais, significa que, do total de 17 mil milhões depositados no BCE, 12 mil milhões ficam isentos da nova taxa de depósito.
Sobram cinco mil milhões de euros de excesso de liquidez aos quais aplicando a taxa de depósito de -0,5% passam a representar um encargo anual de 25 mil milhões de euros para os bancos nacionais – ou seja, menos 43 milhões de euros face ao cenário ainda em vigor.