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Erupções vulcânicas podem explicar os misteriosos cristais da Dinamarca

Nicolas Thibault / University of Copenhagen

Ilha dinamarquesa que ainda apresenta camadas de sedimentares visíveis

Algumas das maiores espécies de cristais raros de carbonato de cálcio do mundo, também conhecidos como glendonitas, são encontrados na Dinamarca e isso pode ser explicado pelas erupções vulcânicas.

Os cristais foram formados há cerca de 55 milhões de anos, durante um período conhecido por ter tido algumas das mais altas temperaturas da história geológica da Terra. A presença de cristais desperta assim a admiração e curiosidade entre especialistas de todo o mundo.

Nicolas Thibault, professor do Departamento de Geociências e Gestão de Recursos Naturais da Universidade de Copenhaga, explica que “o facto de encontramos glendonitas durante um período quente, quando as temperaturas estavam em média acima dos 35 graus, é um mistério. Não deveria ser possível”.

A surpresa do professor ao encontrar glendonitas provenientes de uma época mais quente, surge porque este tipo de mineral é compostos de ikaíte, que só é estável quando é exposto a temperaturas abaixo dos quatro graus, refere o Phys.

No seu novo estudo, publicado na página da Faculdade de Ciências da Universidade de Copenhaga a 14 de outubro, o professor Nicolas Thibault e a sua equipa realizaram análises químicas aos glendonitas dinamarqueses. A pesquisa que realizaram revelou que o início da Época Eocena, não foi assim tão quente como se pensava.

“O estudo prova que deve ter havido períodos de frio durante a Época Eocena. Caso contrário, estes cristais não poderiam existir, pois teriam derretido. Também propomos uma sugestão de como essa redução das temperaturas pode ter acontecido, e ao fazê-lo, potencialmente, resolvemos o mistério de como os glendonitas na Dinamarca, e no resto do mundo, surgiram “, esclarece Thibault.

O autor do estudo indica também que “provavelmente houve um grande número de erupções vulcânicas na Gronelândia, Islândia e Irlanda durante este período. Essas gotículas de ácido sulfúrico libertadas na estratosfera, podem ter permanecido na região durante anos, protegendo assim o Planeta do Sol. Isso ajuda a explicar como as regiões frias eram possíveis, o que afetou o clima no início do Eoceno na Dinamarca”.

A presença de atividade vulcânica é revelada por camadas sedimentares visíveis em Fur – ilha da Dinamarca – onde as cinzas vulcânicas ainda são claramente observáveis nas falésias costeiras.

Thibault garante assim que “o estudo ajuda a resolver um mistério sobre os glendonitos, além de demonstrar que episódios mais frios são possíveis mesmo quando se trata de climas quentes. O mesmo pode ser aplicado nos dias de hoje, já que estamos atentos à possibilidade de mudanças climáticas abruptas”, conclui.

ZAP //

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