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Erupção na Ilha do Fogo “equivale a ler muitos livros” científicos

molinaz / Flickr

Vista aérea do vulcão da Ilha do Fogo, em Cabo Verde

Vista aérea do vulcão da Ilha do Fogo, em Cabo Verde

Assistir a uma erupção como a do vulcão da ilha cabo-verdiana do Fogo “equivale a ler muitos livros de texto científico, porque se aprende imenso a ver o que acontece”, disse à agência Lusa o geólogo português José Madeira.

Os aspetos vulcanológicos que são conhecidos na literatura científica, “por vezes, nem sempre se confirmam no terreno”, disse José Madeira, investigador do Departamento de Geologia da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, que está a estudar a erupção na ilha do Fogo com outro geólogo português, Ricardo Ramalho, do departamento de Ciência da Terra da Universidade de Bristol, no Reino Unido.

Os dois geólogos adiantaram que toda a informação recolhida também constitui bom material didático, uma vez que são professores, e científico, que será usado mais tarde para publicações científicas sobre as observações feitas.

“Estamos a fazer fotografia e vídeo, que é documentação fundamental, até porque funciona como a nossa memória visual. Podemos recorrer às fotografias para verificar o que vimos uns dias antes e já não temos a certeza”, referiu.

José Madeira está a assistir à sua quarta erupção vulcânica e é repetente em Chã das Caldeiras, onde esteve na de 1995, data da última erupção vulcânica em Cabo Verde.

“Inicialmente, é a excitação das observações científicas e, até este momento, tirando a destruição do edifício da sede do Parque Natural, a destruição tinha sido relativamente pequena. Agora está de facto a ser verdadeiramente dramático“, adiantou ainda o geólogo.

“Assistimos à destruição de uma população que conhecemos há muitos anos. Conhecemos muita gente e, por isso, é uma experiência que toca. É impossível separar o lado profissional e o pessoal”, admitiu.

Ricardo Ramalho disse à Lusa que os dois especialistas portugueses estão a colaborar com a proteção civil cabo-verdiana.

“Vamos fazendo as nossas observações e transmitimo-las a Jair Rodrigues, o coordenador da proteção civil. As medidas que a Proteção Civil cabo-verdiana vai tomando também têm em conta a informação que lhe damos”, adiantou.

“Vamos recolhendo amostras dos derrames e do material ejetado (pelo vulcão) e temos estado a medir com instrumentação o avanço e a velocidade do avanço dos materiais. Além deste registo, levamos todo o treino, experiência, informação, conhecimento, amostras e todo o manancial de conhecimento científico que irá resultar em estudos posteriores de todo o material recolhido no terreno”, sublinhou Ricardo Ramalho, que há 10 anos viaja para Cabo Verde para realizar trabalho de campo na área da geologia.

/Lusa

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