O acidente do Boeing 707, da Independent Air, com 144 pessoas a bordo, que aconteceu há 30 anos em Santa Maria, deveu-se “à inobservância da tripulação dos procedimentos operacionais estabelecidos”, concluiu a extinta Direção-Geral da Aviação Civil.
O relatório, finalizado três anos após o acidente aéreo, adianta que, o facto de não se ter observado as questões operacionais, “conduziu à descida deliberada do avião para dois mil pés, desrespeitando a altitude mínima naquela zona, que era de três mil pés”.
O documento revela que contribuiu para a situação “a deficiente técnica de comunicações” do copiloto, que iniciou o seu read back (confirmação) da autorização de descida para três mil pés fornecida pelo controlador aéreo, antes de este ter terminado a sua mensagem, o que originou uma sobreposição de comunicações e a consequente confusão/erro na transmissão/receção da mensagem.
O acidente aéreo seria atualmente “perfeitamente evitável” pois a ilha tem cobertura radar, o que não se verificava na altura, explicou, entretanto, à Lusa o antigo presidente da Associação dos Pilotos Portugueses de Linha Aérea (APPLA), Pedro Santa Barbara.
Depois do acidente todos os operadores turísticos cancelaram os voos fretados à Independent Air, o que levou a que a companhia de charter norte-americana encerrasse.
Já se registaram mais cinco acidentes aéreos nos Açores, o mais recente dos quais na ilha de São Jorge, em 11 de dezembro de 1999, quando um ATP da SATA Air Açores se despenhou com 35 ocupantes.
O acidente de Santa Maria deu origem a um livro do açoriano Francisco Cunha, obra que foi divulgada pela primeira vez em inglês no início do ano.
A obra, cuja versão original foi lançada em setembro de 2016, recorre a documentos oficiais, como ilustrações técnicas, mapas, entrevistas e fotos, culminando numa reconstituição dos momentos que ditaram a tragédia.
// Lusa