O Presidente turco defendeu que a União Europeia (UE) não é a única alternativa para a Turquia e sugeriu que outros países sigam o Reino Unido na sua saída do grupo europeu, informou hoje a imprensa turca.
“Na minha opinião, o Brexit foi um bom jogo. E coisas semelhantes podem acontecer noutros países europeus, essas vozes são ouvidas em França e Itália, e a Turquia deve sentir-se confortável”, afirmou Recep Tayyip Erdogan a um grupo de jornalistas que o acompanharam no avião no regresso de uma viagem oficial ao Paquistão e Uzbequistão, referindo-se à retirada do Reino Unido da UE.
O Presidente turco acrescentou ainda: “Não se deve dizer que a União Europeia é a única opção. Alguns podem-me criticar, mas estou a partilhar as minhas opiniões. Por exemplo, pergunto-me por que a Turquia não se junta à Organização para Cooperação de Xangai” (SCO), acrescentando ter discutido a ideia com o Presidente russo, que lhe assegurou que está a ser avaliada essa possibilidade e que entrar nessa organização iria dar mais “liberdade de ação” à Turquia.
O chefe de Estado referia-se ao pacto político, económico e militar formado em 1996 pela China, Rússia, Cazaquistão, Quirguistão e Tajiquistão, ao qual depois se juntou o Uzbequistão. A Índia e o Paquistão estão em processo de adesão.
Erdogan criticou a UE por manter o seu país à espera, durante 53 anos, de entrar no clube da comunidade europeia, por não permitir que os turcos visitem a UE sem vistos e ameaçou não pagar os três mil milhões prometidos no acordo para a Turquia acolher refugiados deportados da União Europeia.
O Presidente turco reiterou que se não houver progresso no processo de adesão da Turquia ainda este ano, o país deve definitivamente cancelar as negociações.
“Vamos esperar até ao final do ano. Se isso acontecer, acontece. Caso contrário, fechamos este arquivo e a readmissão de refugiados“, disse.
Na crítica da UE aos atentados à liberdade na Turquia e a onda de prisões e demissões de funcionários após a tentativa de golpe de Estado de julho, o Presidente turco disse que os terroristas se movem livremente através da Alemanha, França e Bélgica, sem a UE se preocupar com isso.
ZAP / Lusa / SN