Nós, humanos, podemos agradecer a nossa existência a um Universo primitivo, em que as leis da Física que conhecemos não se aplicavam.
As leis da Física que hoje regem o nosso Universo nem sempre existiram. Uma equipa de cientistas descobriu novas provas de que o Universo foi brevemente regido por leis diferentes. E, curiosamente, é esse faroeste galático a quem devemos a nossa própria existência.
Em causa está a época da inflação, um ultra-curto período em que o Universo se expandiu exponencialmente logo após o Big Bang.
Ao estudar mais de um milhão de galáxias, os investigadores conseguiram mostrar que o Universo molda mais frequentemente os grupos galácticos numa determinada forma de aglomerado.
Isto, de acordo com a VICE, viola a chamada simetria de paridade, uma ideia incorporada nos nossos modelos físicos atuais de que o Universo é essencialmente simétrico e não prefere nenhuma forma à sua imagem invertida.
A comunidade científica já estava ciente desta possibilidade. Isto porque, de alguma forma, a matéria tornou-se muito mais abundante do que a antimatéria.
As atuais leis da Física sugerem que a matéria e a matéria deveriam ter-se cancelado mutuamente após o Big Bang. Contudo, a realidade é que nós existimos — e somos feitos de matéria, tal como as estrelas e planetas. Em contrapartida, a antimatéria é muito rara no Universo atual, algo que é inexplicável pela ciência.
Os resultados do novo estudo revelaram uma clara preferência das galáxias por um formato de tetraedro. É a primeira prova de que a violação da paridade na época da inflação influenciou, mais tarde, o agrupamento de galáxias. Este tipo de acontecimento não pode ser explicado pelo Modelo Padrão da cosmologia.
A investigação foi recentemente publicada na revista Monthly Notices of the Royal Astronomical Society. A nova abordagem foi detalhada noutro estudo, publicado na Physical Review Letters.
Outros estudos já tinham revelado indícios de violações de paridade no Universo primitivo, mas sempre numa escala subatómica. Neste caso, a nova investigação atuou numa escola cósmica.
“A deteção de um sinal de violação da paridade iluminaria a física dos primórdios do Universo e talvez até revelasse processos físicos para além do Modelo Padrão”, escreveram os autores do estudo.