O reitor da Universidade de Lisboa pediu esta quinta-feira consensos para o ensino e a investigação, afirmando que “estas áreas não podem ser um instrumento de luta política”, e que precisam de um rumo “para além das legislaturas que se sucedem”.
“Precisamos de estratégia, de políticas coerentes de educação e de investigação. Sem ruturas”, afirmou António Cruz Serra, reitor da Universidade de Lisboa (UL), na cerimónia oficial de abertura do ano académico 2013-2014, que hoje decorreu na Aula Magna da Reitoria da instituição.
Falando na presença do ministro da Educação e Ciência, Nuno Crato, que assistiu à cerimónia, o reitor da UL sublinhou a necessidade de se definir “numa base plurianual” os recursos a afetar ao Ensino Superior, para que as instituições possam planear o seu futuro “sem ter que navegar à vista, incertos quanto ao próximo orçamento e à próxima cativação”.
“Compreendo que de cada vez que o mundo muda não se consiga cumprir planos e compromissos plurianuais. Mas precisamos tentar. Por má que seja a conjuntura é necessário manter um rumo, sem hesitações e com confiança, e, se os ventos estiverem de feição, logo apuramos a rota”, disse.
Funcionamento em risco
Numa altura em que as universidades reclamam a devolução por parte do Estado de 30 milhões de euros cortados em excesso dos seus orçamentos, alertando que o corte poderá colocar em causa o funcionamento das instituições, Cruz Serra disse hoje que as restrições orçamentais estão a impossibilitar a renovação de docentes, investigadores e pessoal administrativo das universidades.
“Precisamos saber que recursos humanos devemos ter dentro de 5 anos. Precisamos responder aos anseios dos jovens doutorados que sonham ter um futuro na Universidade. Precisamos estimular os nossos mais jovens e talentosos quadros administrativos e técnicos, a quem o bloqueio da carreira ensombra o futuro e impede qualquer planeamento. Temos que saber como recompensar os melhores e como distinguir quem merece ser distinguido”, declarou.
Não “desperdiçar” Lisboa
Cruz Serra pediu também mais e melhores condições para os investigadores e a propósito do próximo quadro comunitário de apoios referiu a necessidade de alocar “verbas significativas” à região de Lisboa, “onde se concentra mais conhecimento”, sob pena de desperdiçar recursos.
“A negociação entre o governo português e a comissão europeia, no âmbito do Acordo de Parceria 2014-2020 é difícil. Sabemo-lo bem. Mas será uma oportunidade perdida se Portugal não aproveitar a capacidade instalada em Lisboa para se projetar no mundo. Não podemos desperdiçar as competências que, em muitos domínios, só Lisboa oferece”, declarou o reitor da UL, que alertou ainda para “apostas erradas” no desenvolvimento regional, com investimentos que não se traduzem em resultados.
/Lusa